Bispos do Paraguai analisam conflito fronteiriço com 'brasiguaios'
Assunção (RV) – Os bispos católicos do Paraguai começaram nesta quarta-feira
sua 193ª Assembleia Plenária, durante a qual analisarão o conflito entre produtores
brasileiros de soja e trabalhadores sem-terra no distrito de Ñacunday, departamento
de Alto Paraná, 400 quilômetros a leste de Assunção.
Nas últimas semanas, ‘sem-terras’
paraguaios, conhecidos como ‘carperos’, intensificaram invasões a propriedades de
colonos brasileiros que há décadas vivem no Paraguai, despertando apreensão entre
os produtores.
Os ‘sem-terra’ alegam que grande parte dos títulos de propriedade
das terras, adquiridos nos tempos do então ditador paraguaio Alfredo Stroesser, são
falsos, e exigem que o governo realize uma reforma agrária efetiva. Eles reclamam
que, enquanto muitos brasileiros fizeram fortuna explorando terras paraguaias, boa
parte da população amarga péssimas condições de vida.
Já os ‘brasiguaios’
garantem que não há nada de errado com sua documentação. As terras foram adquiridas
entre as décadas de 1960 e 1970 a preços ínfimos. Stroesser teria incentivado a imigração
de agricultores brasileiros - a maioria de ascendência italiana ou alemã, como o próprio
ex-presidente - para modernizar e profissionalizar a exploração da terra no país.
Esses produtores se dedicaram a cultivar soja e ajudar a fazer do Paraguai o quarto
maior exportador mundial do grão.
Uma fonte da CEP disse à agência Efe que
os bispos paraguaios analisarão esta situação, além de outros temas como a reforma
agrária e o desemprego. Também se estima que o episcopado aborde o estudo de um protocolo
exigido pelo Vaticano para enfrentar os possíveis casos de abusos.
Esta edição
da Assembleia tem a participação do núncio da Santa Sé, Dom Elíseo Antonio Ariotti,
que comunicou a nomeação feita pelo Papa de Dom Adalberto Martínez como novo bispo
castrense do Paraguai. (CM)