Fórum da Água em Marselha: menos desperdícios e acesso a todos
Marselha
(RV) - Começou ontem, segunda-feira, na cidade francesa de Marselha, e termina
em 17 de março, o 6º Fórum Mundial da Água.
Estima-se que 20 mil pessoas de
140 países se reunirão no encontro, organizado pelo WWC – Conselho Mundial da Água,
a cada três anos, perto do Dia Mundial da Água. A Delegação da Santa Sé é formada
por três componentes do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz.
A ideia do
Fórum Mundial da Água é buscar soluções para os principais problemas relacionados
a este recurso natural, além de chamar atenção da população mundial para seu uso racional
e sustentável. Neste ano, o tema do encontro será “Tempo para Soluções” com os objetivos
de estimular que o tema ganhe importância na agenda política de governos; aprofundar
discussões e trocas de experiências sobre as soluções para os desafios atuais e formular
propostas concretas para os problemas.
No processo preparatório para o Fórum,
os participantes do continente americano decidiram abordar seis temas: - Água e
Saneamento; - Água e Adaptação às Mudanças Climáticas; - Gestão Integrada de
Recursos Hídricos; - Água para Alimento; - Água para Energia e - Melhoria
da Qualidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas.
A participação brasileira
será coordenada por um colegiado denominado Seção Brasil do Conselho Mundial da Água,
que agrega instituições e segmentos envolvidos com o tema. O colegiado é composto
por 22 membros do Conselho Mundial da Água e 20 instituições convidadas. O Brasil
é o quinto país em termos de representação nacional junto ao Conselho Mundial.
O
Brasil também terá um espaço dentro do Fórum, o Pavilhão Brasil, com auditório, estandes
e o Espaço Rio+20 que apresentará boas práticas brasileiras em relação à água e chamará
a atenção para a Conferência da ONU em Desenvolvimento Sustentável, que será realizada
em junho no Rio de Janeiro.
A questão da água é uma das maiores emergências
do mundo hoje: um bilhão de pessoas ainda não têm acesso à água limpa. Segundo a OSCE,
organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, a demanda de água vai
aumentar no mundo 55% por causa do crescimento demográfico e do incremento da urbanização.
Portanto, “utilizar a água de modo racional e estabelecer tarifas que desencorajem
o desperdício” são prioridades.
A agenda do Fórum, no entanto, não convence
todos. As ONGs, por exemplo, a consideram próxima demais dos interesses das grandes
empresas e bancos internacionais. Por isso, uma centena de organizações promoverão
um fórum paralelo, com participantes de vários países. Muitas estruturas da sociedade
civil vão aderir a ambos os eventos. É o caso do Comitê Católico para a Fome e o Desenvolvimento,
uma das principais ONGs francesas de inspiração cristã. O Comitê foi enviado ao Fórum
para participar do debate sobre a segurança alimentar, defendendo as razões dos pequenos
agricultores, principalmente do sul do mundo, cujo acesso á água é ameaçado por políticas
agrícolas fracassadas, mudanças climáticas e processos de privatização da água.
Segundo
o responsável da ONG, “estaremos lá para duplicar os espaços de sensibilização. Não
é suficiente pedir água potável para todos. É preciso atrair a atenção para a água
para a irrigação e o sustento das famílias do campo, no centro do processo de privatização
que as empobrece e obriga a abandonar tudo” – disse Issoufaly.
Março está se
tornando um mês cada vez mais importante para os diferentes movimentos sociais. O
Dia internacional da Mulher, celebrado no dia 8, já o faz muito especial, pois conclama
a todos ao apoio às lutas das mulheres por sua liberdade e igualdade de direitos
num mundo marcado por profundas desigualdades, discriminações e dominações. Mas com
a definição do dia 14 como Dia internacional de lutas contra as barragens, pelos rios,
pela água e pela vida, e do dia 16 como o Dia nacional de conscientização sobre as
mudanças climáticas, março se afirma como um tempo realmente desafiador.