2012-03-10 16:38:08

Editorial: Viva a mulher e a sua dignidade!


Cidade do Vaticano (RV) – RealAudioMP3 Chamou-me a atenção na última quinta-feira, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, as inúmeras recordações feitas para salientar os direitos das mulheres na sociedade moderna, bem como as injustiças que sofrem. Um dos dados que grita e que é evidenciado pela Campanha Ecumênica da Conferência dos Bispos Suíços, sobre o tema “Mais igualdade, menos fome” é que existe um aspecto essencial da desigualdade entre homem e mulher, ou seja, sobre o fato que 60-70% das pessoas que passam fome são mulheres, como apontam as estatísticas da ONU. Exatamente as mulheres, portanto, que alimentam o mundo, são aquelas que tem menos o que comer.

A comemoração do Dia Internacional da Mulher remonta ao ano de 1857, quando as operárias de uma fábrica têxtil de Nova Iorque entraram em greve e ocuparam a fábrica, pedindo a redução do horário de trabalho de 14 horas por dia para 10 horas. As mulheres nas suas 14 horas de trabalho recebiam menos de um terço do salário dos homens; fecharam-se dentro do prédio e um incêndio causou a morte de 130 delas. Decênios depois, em 1919, numa conferência internacional na Dinamarca, decidiu-se homenagear aquelas mulheres e comemorar o 8 de março como “Dia Internacional da Mulher”.

Todos os anos comemoramos este dia, e junto com ele a lembrança não somente daquelas mulheres que padeceram no fogo de Nova Iorque, como também daquelas que ao longo dos séculos sofreram a marginalização pelo simples fato de ser mulher, como ocorre ainda hoje, em pleno século 21, marginalizadas, desprezadas, exploradas, com seus direitos negados, pisoteados. Basta pensar que no mundo são mais de 40 milhões as meninas que não vão à escola e 500 milhões de mulheres são analfabetas, ignoram seus direitos e não participam das decisões da sua comunuidade.

A mulher, com seu gênio, tem uma vocação particular, precisamente, ser mulher. Uma vocação, nos dias de hoje muitas vezes contestada por correntes mais fundamentalistas que gritam por uma “certa igualdade” que nem sempre produz o tão almejado equilibrio entre homem e mulher. A mulher tem um papel particular na sociedade de hoje, de humanização, num mundo que gira em torno do ter e não do ser. Este aspecto humanizante, próprio da mulher, com a sua sensibilidade poderia ser, de fato, um elemento importante para devolver o ser humano ao centro do interesse da comunidade, como sujeito, em detrimento ao homem-mulher objeto.

A CNBB publicou por ocasião do dia 8 de março uma nota na qual depois de saudá-las e recordar as palavra do Beato João Paulo II dedicadas à mulheres fala da sua alegria em perceber que “cada dia mais, cresce a consciência da dignidade da mulher e de sua específica contribuição na construção de uma sociedade justa, fraterna e solidária”. Mas recorda também que apesar dos grandes avanços obtidos pelas mulheres, o Dia 8 de Março continua sendo uma data para recordar e denunciar as inúmeras situações de violação de seus direitos e de sua dignidade.

Fazemos votos que 8 de Março não seja somente mais uma data no calendário para dar um presente, uma recordação e depois no dia seguinte cair no esquecimento. Fazemos votos de que se continue, não apenas no dia 8, mas em todos os dias do ano, o chamado de atenção para o papel e a dignidade da mulher; que se tome consciência do valor da mulher, do seu papel na sociedade, contestando e revendo preconceitos e limitações impostos a ela. Viva a mulher e a sua dignidade! (Silvonei José)








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