A gratidão da Igreja e dos Papas às mulheres do mundo
Cidade
do Vaticano (RV) - A semana que se encerra foi marcada pelo Dia Internacional
da Mulher, e para o Programa Brasileiro da RV, esta é a ocasião para relembrar a Carta
às Mulheres, um documento publicado por João Paulo em coincidência com a IV Conferência
Mundial sobre a Mulher em Pequim, em 29 de junho de 1995.
A carta reiterava
que a Igreja quer oferecer a sua contribuição para a defesa da dignidade e dos direitos
das mulheres falando diretamente ao coração e às mentes de todas as mulheres.
João
Paulo II se detém sobre o tema da dignidade e dos direitos da mulheres, considerados
à luz da Palavra de Deus. Afirma que o ponto de partida deste diálogo não pode ser
outro senão um “obrigado”.
O Papa apresentava a sua gratidão à mulher-mãe,
à mulher-esposa, mulher-filha, mulher-irmã, mulher-trabalhadora, mulher-consagrada,
e à mulher, pelo simples fato de ser mulher.
O texto condenava a violência
sexual, a cultura hedonista e mercantilista que promove a exploração sistemática da
sexualidade e faz um apelo aos Estados e organismos internacionais para que se faça
o que for preciso para devolver à mulher o pleno respeito da sua dignidade e do seu
papel.
“A realização do humano só ocorre mediante a complementariedade do feminino
e do masculino. A esta unidade de dois, Deus confiou a procriação e a vida da família
e até a construção da própria história” – escrevia o Pontífice, em 1995.
João
Paulo II morreu dez anos mais tarde. Em 2005, foi eleito Bento XVI, que desde o início
do seu pontificado tem dedicado discursos, mensagens e intervenções às mulheres, destacando
a importância da dimensão feminina na Igreja e na sociedade.
Na audiência geral
de 14 de fevereiro de 2007, em tributo às mulheres e à sua responsabilidade eclesial
desde as primeiras comunidades cristãs até hoje, o Papa disse que “além dos Doze,
colunas da Igreja, pais do novo Povo de Deus, são escolhidas no número dos discípulos
também muitas mulheres”. Bento XVI mencionou a profetisa Ana, a Samaritana, a mulher
sírio-fenícia, a hemorroíssa e a pecadora perdoada, lembrando ainda as protagonistas
de parábolas eficazes como a dona de casa que amassa o pão, a mulher que perde a dracma,
e a viúva que importuna o juiz, todas citadas nos Evangelhos.
“Mais significativas
para o nosso assunto são aquelas mulheres que desenvolveram um papel ativo no contexto
da missão de Jesus. Em primeiro lugar, pensamos naturalmente na Virgem Maria que,
com a sua fé e a sua obra materna, colaborou de modo único para a nossa Redenção,
tanto que Isabel a proclamou "bendita és tu entre as mulheres" - disse Bento XVI.
Prosseguindo
no tempo, em 9 de fevereiro de 2008, o Papa recordou o 20º aniversário da publicação
da Carta Apostólica “Mulieris Dignitatem”, de João Paulo II, condenando “uma mentalidade
machista que ignora a novidade do cristianismo, que reconhece e proclama a igual dignidade
e responsabilidade da mulher em relação ao homem”.
“Existem lugares e culturas
em que a mulher é discriminada ou subestimada unicamente pelo fato de ser mulher,
onde se faz recurso até a argumentos religiosos e a pressões familiares, sociais e
culturais para sustentar a desigualdade dos sexos, onde se perpetram atos de violência
contra a mulher, tornando-a objeto de atrocidades e de exploração na publicidade e
na indústria do consumo e da diversão” - alertou.
Em discurso de 22 de março
de 2009, em Angola, Bento XVI lembrou que “a história registra quase exclusivamente
as conquistas dos homens, quando, na realidade, uma parte importantíssima da mesma
se fica a dever a ações determinantes, perseverantes e benéficas realizadas por mulheres”.
Um
ano atrás, em março de 2011, repetiu que “também hoje a Igreja recebe um grande benefício
do exercício da maternidade espiritual de tantas mulheres, consagradas e leigas, que
alimentam nas almas o pensamento por Deus, fortalecem a fé do povo e orientam a vida
cristã rumo a picos sempre mais elevados".
Hoje, março de 2011, Bento XVI pede
em sua intenção geral deste mês que “o contributo dado pelas mulheres ao desenvolvimento
da sociedade seja adequadamente reconhecido em todo o mundo”. (CM)