Realidade em Moçambique coloca missionários à prova
Cidade
do Vaticano (RV) – Na semana passada, o Quadro Missão da RV destacou a história
de Irmão Roberto Carlos Ramos, missionário em Moçambique. Conhecemos um pouco sobre
os principais desafios desde que chegou à África, em 2007.
“Eu tive malária
duas vezes: a primeira seguida de anemia aguda. Como aqui em Safala cerca de 25% da
população é portadora do HIV, os médicos desaconselham transfusões de sangue então
vivi um momento bastante delicado”.
Conhecemos também que um dos principais
focos da Missão em Moçambique é a educação: são cerca de 800 internos além de uma
escola com 2.130 alunos.
“Nós estamos dedicando a eles a confiança de formar
outros professores e, aos poucos, há essa multiplicação a partir destes líderes que
foram formando novas lideranças”.
Hoje, no segundo episódio do Quadro Missão
– Moçambique, Irmão Roberto Carlos revela os piores problemas enfrentados pelos missionários
Irmãos das Escolas Cristãs, na Diocese de Beira.
A guerra em Moçambique terminou
com a independência, em 1975, mas ainda vive-se as consequências de um conflito já
tão distante.
“No interior há muitas minas que ainda não foram desativadas.
A nova geração já está estabilizada, mas a geração que viveu a guerra traz o sentimento
ainda muito forte. A estabilidade política também contribui para que essas lembranças
fiquem no passado”.
Mas o grande problema para os missionários é outro.
“O
maior problema do país é a pandemia de HIV/AIDS. Existe apoio internacional e a própria
igreja tem grupos de reflexão, mas a questão ainda assusta muito a sociedade e a prevenção
passou também a ser um desafio missionário. Aqui em Mangunde e também na Diocese de
Beira, onde os irmãos estão, nós trabalhamos junto com a Comunidade Sant’Egidio, de
Roma. Falamos abertamente sobre a doença com os jovens, principalmente no que tange
a prevenção. Sempre usamos palavras-chave como: ser fiel nas relações, ter prudência
em relação as mulheres grávidas, incentivar o tratamento com antirretrovirais para
que a criança não nasça com HIV. Aliás, esse é o foco da Comunidade Sant’Egidio aqui
em Moçambique. E, também, via governamental, o uso de preservativos. Essas são as
alternativas, porque a epidemia está quase incontrolável.
Na localidade, onde
a expectativa de vida é de 37 anos, os esforços para conscientizar as pessoas sobre
o HIV bate de frente com questões culturais, principalmente os rituais.
“Seguindo
um pouco o esquema da tribo, o homem tem várias mulheres. Além disso, os rituais tradicionais
ajudam a disseminar o vírus como, por exemplo, a mutilação genital feminina e masculina,
nos quais são utilizadas as mesmas ‘ferramentas’. É um desafio missionário muito grande”.