China: condenados à morte pela justiça são os maiores doadores de órgãos do país
Roma (RV) – Os condenados a morte pela Justiça, na China, são a principal fonte
de órgãos usados em transplantes no país. Uma prática que fere os direitos humanos,
mas que é de notório conhecimento por parte a comunidade internacional, conforme afirma
o Diretor do Centro Nacional de Transplantes de Roma, Professor Nanni Costa.
“A
China, no que diz respeito a transplantes, tem um dado negativo”, afirmou o Professor,
citando que parte dos doadores de órgãos são pessoas encarceradas condenadas à morte.
“Esse é um fato inaceitável sob o ponto de vista ético – ressaltou –, reconhecido
pelo próprio governo, que, nos últimos anos, está procurando adequar-se às normas
mais usadas internacionalmente.”
Quanto à opinião pública, o Professor diz
acreditar que não seja expressiva nesse caso. A China é o segundo país no mundo em
número de transplantes, com dez mil operações ao ano, atrás somente dos Estados Unidos.
A dificuldade, segundo Nanni Costa, se cria porque, de um lado, tem a requisição dos
pacientes nos hospitais que esperam por órgãos, de outro, a falta de ética com a qual
se operou até agora, e que precisa ser mudada.
“Voltar atrás não é simples”,
disse o Diretor, que destaca como positiva, porém, a tentativa da Organização Mundial
de Saúde, a OMS, de introduzir no interior do sistema jurídico chinês elementos análogos
aos do resto do mundo ocidental. Segundo o Professor, a situação da China é a mais
complicada a nível global no que diz respeito aos transplantes.
Mas vale recordar
que não é a única, visto que, em muitos países, aí incluídos os ocidentais, há uma
espécie de mercado negro de órgãos, no qual pessoas vulneráveis são aliciadas a submeterem-se
a cirurgias e a venderem seus órgãos. Isso ganha o nome de “turismo de transplante”,
quando o órgão é retirado em um país para ser mandado a outro. (ED)