2012-03-07 19:17:57

Reflexão da subsecretária do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz sobre Dia da Mulher: no coração da Igreja e do mundo


Cidade do Vaticano (RV) - Celebra-se nesta quinta-feira, com várias iniciativas, o Dia Internacional da Mulher. E, justamente, a intenção geral de oração do Papa para o mês de março é dedicada ao reconhecimento da contribuição feminina para a sociedade. A esse propósito, a Rádio Vaticano entrevistou a subsecretária do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Flaminia Giovanelli, que nos falou, dentre outros, sobre os desafios atuais, em particular para a mulher cristã:

Flaminia Giovanelli:- "Penso que o que podemos fazer é pedir ao Espírito Santo – que faz novas todas as coisas – que nos indique novos caminhos a fim de que a contribuição da mulher no social seja reconhecida. A reivindicação de direitos, o pedido do reconhecimento na sociedade, são todas coisas justas e imperiosas. Mas, como se sabe, a distância entre o que dizem as cartas constitucionais e a efetiva aplicação das leis permanece sendo enorme."

RV: O que a mulher cristã e o seu "gênio feminino" – retomando uma célebre fórmula de João Paulo II – podem dar à sociedade ocidental, que muitas vezes, hoje, tende a apreciar as mulheres mais pela imagem do que pela sua identidade?

Flaminia Giovanelli- "Falando sobre gênio feminino se pressupõe que a mulher tenha uma vocação particular justamente enquanto mulher. Hoje essa vocação não é dada por certa, aliás, é abertamente contestada, sobretudo, pela teoria do "gender", ou mesmo colocada em discussão, inclusive em ambientes cristãos, particularmente se tais ambientes são fortemente feministas. Creio que justamente por isso a mulher cristã tem um papel de primeiro plano a desempenhar na solução da questão antropológica, que – como nos recorda o Santo Padre na Caritas in veritate – é a questão social de hoje. Então creio que a mulher cristã tem a tarefa de cultivar aquela ecologia humana – que era outra expressão querida de João Paulo II e que depois foi retomada por Bento XVI –, aquela visão correta da pessoa humana que é uma integração de corpo, mente e espírito. Portanto, um justo equilíbrio desses três elementos na pessoa humana numa visão global também da relação homem-mulher. Ademais, em tempos de crise, a mulher tem um papel particular na humanização da economia, naquele sentido auspiciado por Bento XVI na Caritas in veritate, ou seja, essa dimensão da gratuidade e do dom sem a qual – diz o Papa - "nem mesmo o mercado pode funcionar"."

RV: Falando sobre a contribuição das mulheres pensamos como a mulher está a serviço da paz, sobretudo no Sul do mundo. A esse propósito, qual a sua reflexão considerando também a sua experiência no Pontifício Conselho da Justiça e da Paz?

Flaminia Giovanelli:- "Meu pensamento dirige-se imediatamente ao Prêmio Nobel da Paz 2011 atribuído a três mulheres: duas africanas e uma iemenita. Isso me faz recordar também Marguerite Barankitse, denominada "O Anjo do Burundi", que assistiu aquele horror do genocídio, e não somente não buscou a vingança, mas, pelo contrário, buscou a verdade e o diálogo. Acolheu em suas casas dez mil crianças órfãs de guerra, quer tutsi, quer hutu. Aquilo que gostaria de ressaltar é essa capacidade das mulheres de acompanhar a aspiração à paz de modo concreto e com obras concretas." (RL)







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