2012-03-07 20:50:48

Líbia. Cirenaica proclama sua autonomia: Cnt ameaça uso da força


Roma (RV) - A Líbia encontra-se novamente no caos. Milhares de líbios, dentre os quais representantes das tribos e comandantes das milícias, proclamaram nesta terça-feira, em Benghazi, a autonomia da Cirenaica, elegeram um congresso regional e ratificaram a formação de um exército independente.

A reação do Conselho nacional de transição (Cnt) – órgão que governa o país africano desde a queda do Cel. Muammar Kadafi – não se fez esperar: O presidente do Cnt Mustafá Abdel Jalil ameaçou recorrer ao uso da força.

De fato, os esperados frutos oriundos da chamada "Primavera Árabe" (revolta que no país levou à queda de Kadafi) parecem não vingar. Mas como se chegou a esse ponto? Foi o que a Rádio Vaticano perguntou ao pesquisador do Instituto para estudos de política internacional Arturo Varbelli, autor de duas publicações dedicadas ao país do norte da África:

Arturo Varbelli-: "Chegou-se a esse ponto pelo fato de a Líbia ser um país desagregado no sentido que quem o governa são diferentes autoridades. Há uma autoridade central que é deslegitimada, muito fraca e que é constituída pelo Cnt. Depois existem as milícias e as tribos no tecido social. É muito difícil entender como essas três entidades de algum modo possam conciliar-se. Vemos nestes dias que não estão se conciliando e disso nasce o pedido de autonomia federal por parte da Cirenaica."

RV: Durante os dias de guerra que levaram à queda do regime de Trípoli a comunidade internacional apressou-se em massa em reconhecer o Cnt como interlocutor oficial da nova Líbia. O que hoje está acontecendo não é o fruto de uma jogada de certo modo aventurosa?

Arturo Varbelli:- "Sim, seguramente é fruto dessa jogada. O Cnt não tem nenhuma legitimidade no país, é percebido como um órgão que, de certo modo, quase se autoproclamou, enquanto internamente tem-se a percepção de que essa é a única esperança."

RV: A seu ver, essa ameaça de usar a força pode concretizar-se?

Arturo Varbelli:- "Penso que não, e a reação de Abdel Jalil e do Cnt me parece uma reação descomposta. Em primeiro lugar, o governo central e a autoridade central ainda não têm um exército próprio, portanto, quem combateria? Alguém na Tripolitania, alguma milícia da Tripolitania? Voltaríamos a um conflito, à guerra civil que houve – de fato – no ano passado penso que o Cnt não pode realizar uma ação análoga." (RL)







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