Cardeal Hummes: "Evangelizar com sustentabilidade"
Cidade
do Vaticano (RV) - A pastoral com a população indígena, o desafio das seitas e
a promoção do apostolado laical são apenas alguns dos desafios enfrentados pela Igreja
no Brasil na região da Amazônia. Mas o desafio mais importante é a pastoral num território
imenso, às vezes impenetrável, de milhares de pequenas aldeias. Uma das maiores dificuldades
é a pastoral com a população indígena.
Encarregada desta missão é a Comissão
Episcopal para a Amazônia, criada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil,
CNBB, e confiada ao Cardeal Cláudio Hummes, prefeito emérito da Congregação para o
Clero.
Entrevistado pelo Programa Brasileiro, Dom Cláudio relevou a importância
da preservação da identidade cultural, da defesa das terras reservadas às tribos e
do respeito aos seus direitos humanos. Para ele, o fundamental é evangelizar, sim,
mas com sustentabilidade e, sobretudo, respeito pelos povos nativos.
"Dia
25 vou estar em São Gabriel da Cachoeira, bem no norte do Amazonas, visitando a diocese,
porque eles vão inaugurar uma fazenda da esperança, para os dependentes de álcool
entre os índios, que é um problema muito grande naquela região, infelizmente. Também
quero visitar outras dioceses da área, mas, sobretudo na Assembleia Geral da CNBB,
que será depois da Páscoa, já convocamos os Bispos da Amazônia, teremos uma grande
reunião com a Comissão, para primeiramente ouvi-los. O que esperam desta Comissão?
Começaremos a abordar assuntos específicos porque a Amazônia, como todos sabem, é
uma região muito particular, tem particularidades que não se deveriam ser destruídas.
O risco é que se trate a Amazônia como qualquer outra parte do Brasil ou do mundo”.
“Como levar o desenvolvimento à Amazônia? O desenvolvimento deve preservar,
ser oferecido aos índios, e não imposto. No entanto, eles têm direito a que se lhes
ofereça o desenvolvimento moderno, na medida e no ritmo em que o quiserem; sem lhes
impor, e menos ainda destruir, mas que eles assimilem e façam seu desenvolvimento
a partir daquilo que é oferecido pela comunidade mundial e brasileira em termos de
progressos econômicos, científicos e técnicos. Eles devem ser sujeitos desta história”.
“Quanto à Igreja, é a mesma coisa: como a Igreja vai se inculturar
na região?. Existem aqueles que defendem o direito dos índios, importantíssimos, e
outros que defendem a evangelização direta, mas as duas coisas são as duas pernas
com que se deve andar. Não se pode caminhar com uma perna só, seria prejudicial para
os próprios índios. A Igreja de fato, se torna cada vez mais consciente, e eles também.
Estas são as coisas que devemos trabalhar e ajudar”. (CM)