Cidade do Vaticano (RV) – A cada ano a Igreja
Católica realiza na Sexta-feira Santa, em todas as dioceses do mundo, uma coleta destinada
a manter os trabalhos de evangelização na Terra Santa. Com esse gesto se quer despertar
e promover nos fiéis cristãos o amor pela Terra Santa, pela terra que viu a passagem
de Cristo. Como nos anos precedentes, também este ano o Prefeito da Congregação para
as Igreja Orientais, Cardeal Leonardo Sandri, enviou uma carta a todos os bispos do
mundo convidando a defender os cristãos da Terra Santa por meio da promoção de iniciativas
particulares de oração e caridade fraterna. Um olhar que vai também para os cristãos
que vivem fora de Israel e Palestina, como Jordânia, Síria, Líbano, Chipre e Egito.
O Cardeal chama a atenção para o fato de que “para eles, as hostilidades são o pão
de cada dia que alimenta sua fé e por vezes faz ressoar o eco do martírio”.
Grande
parte da coleta da Sexta-feira Santa há muitos séculos é usada para as obras da Custódia
da Terra Santa, sob a responsabilidade dos franciscanos. São 65 os lugares santos
mantidos pelos filhos de Francisco. Os freis da Custódia prestam serviço nos principais
e mais importantes santuários da redenção, como a Basílica da Anunciação, em Nazaré,
da Natividade, em Belém, e o Santo Sepulcro, em Jerusalém. A iniciativa é uma tradição
que remonta aos tempos da Igreja primitiva. O próprio apóstolo Paulo convidava as
comunidades da Ásia Menor a sustentar seus irmãos de Jerusalém.
Bento XVI tem
recordado continuamente a necessidade de apoiar a missão da Igreja nos Lugares Santos
e assim evitar que os cristãos deixem a região: “A emigração de cristãos tem se agravado
pela falta de paz, que tenta empobrecer a esperança, transformando-se em medo de estar
sozinho perante um futuro que parece não existir, senão como um abandono da própria
pátria” – disse Dom Sandri na sua carta para a Coleta da Sexta-feira Santa. A Terra
Santa confia na fraternidade da Igreja presente em todo o mundo e deseja responder
a ela, comunicando a experiência da graça e da dor que marcam o seu caminho.
A
terra onde Jesus nasceu sente a dor causada pelo aumento da violência contra os cristãos
e consequentemente a fuga daqueles que são pedras vivas do cristianismo. Os cristãos
do Oriente vivem a atualidade do martírio e sofrem com a instabilidade e a ausência
da paz; e o sinal mais preocupante continua sendo o êxodo incontrolável.
Por
isso, é dever de todos se unirem ao Papa Bento XVI para encorajar os cristãos de Jerusalém,
Israel e Palestina, da Jordânia e dos países vizinhos: “Nós nunca devemos nos resignar
à falta de paz. A paz é possível. A paz é urgente. A paz é condição indispensável
para uma vida digna da pessoa humana e da sociedade. A paz é também o melhor remédio
para evitar a migração do Oriente Médio”.
A coleta da Sexta-Feira Santa é parte
da causa da paz, à qual os irmãos e irmãs da Terra Santa desejam servir como instrumentos
eficazes para o bem de todo o Oriente. Esta iniciativa é o caminho indispensável para
promover a vida dos cristãos naquela Terra amada. Na exortação pós-sinodal ‘Verbum
Domini', Bento XVI afirmou que os cristãos que vivem na Terra de Jesus testemunham
a fé no Ressuscitado; “são chamados não só a servir como farol de fé para a Igreja
presente em todo o mundo, mas também como fermento de harmonia, sabedoria e equilíbrio
na vida de uma sociedade que tradicionalmente tem sido, e continua sendo, pluralista,
multiétnica e multirreligiosa”.
A coleta em prol da Terra Santa visa precisamente
sensibilizar os fiéis sobre o valor da solidariedade para com a comunidade e as instituições
católicas presentes na região e promover iniciativas e intervenções em favor dos lugares
santos que conservam a memória de Cristo.
Os católicos na Terra Santa são hoje
apenas 1,8% da população de Israel e territórios palestinos e 1,9% na Jordânia. Em
toda a Terra Santa, somam 240 mil. (Silvonei José)