2012-03-02 19:51:33

Nova Evangelização e "Evangelii Nuntiandi": leigos devem atuar forma singular de evangelização


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Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, estamos de volta ao nosso encontro semanal cujo espaço de formação e aprofundamento do nosso programa é reservado à nova evangelização, desafio pastoral que estará no centro do próximo Sínodo dos Bispos, em outubro deste ano, com o tema "A nova evangelização para a transmissão da fé cristã".

Em vista deste importante evento para a Igreja no mundo inteiro, realizou-se dias atrás (16.02), no Vaticano, a reunião do 12º Conselho Ordinário da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos. O esboço do Instrumentum laboris (Instrumento de trabalho) do Sínodo foi objeto de exame durante a reunião.

Como transmitir o Evangelho, quando tantos hoje lhe são indiferentes? A "crise da fé" atual é, portanto, também uma "crise de transmissão" da própria fé.

Analisando os problemas ligados à transmissão da fé, os participantes da reunião reconheceram "a infecundidade da evangelização atual", inclusive "na presença de certas influências" da cultura contemporânea "que tornam a transmissão da fé particularmente difícil, e representam, ao mesmo tempo, um desafio para os cristãos e para a Igreja".

E passamos à nossa revisitação à "Evangelii Nuntiandi", de 1975, do Papa Paulo VI. Ressaltamos que estamos nos ocupando do capítulo VI da Exortação Apostólica, capítulo este que trata dos "obreiros da evangelização".

Ao tratar da obra da evangelização, o capítulo em questão fala de "tarefas diversificadas": o texto passa a recordar, em breves palavras, essas tarefas, começando pelo sucessor de Pedro (nº 67), os bispos e sacerdotes (nº 68), e os religiosos (nº 69) – deste último nos ocupamos na edição passada.

Na edição de hoje trazemos o nº 70, que prossegue descrevendo as diferentes tarefas evangelizadoras ocupando-se dos leigos. Diz o texto:

Leigos

70. "Os leigos, a quem a sua vocação específica coloca no meio do mundo e à frente de tarefas as mais variadas na ordem temporal, devem também eles, através disso mesmo, atuar uma singular forma de evangelização.
A sua primeira e imediata tarefa não é a instituição e o desenvolvimento da comunidade eclesial, esse é o papel específico dos Pastores, mas sim, o pôr em prática todas as possibilidades cristãs e evangélicas escondidas, mas já presentes e operantes, nas coisas do mundo. O campo próprio da sua atividade evangelizadora é o mesmo mundo vasto e complicado da política, da realidade social e da economia, como também o da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, dos "mass media" e, ainda, outras realidades abertas para a evangelização, como sejam o amor, a família, a educação das crianças e dos adolescentes, o trabalho profissional e o sofrimento. Quanto mais leigos houver impregnados do Evangelho, responsáveis em relação a tais realidades e comprometidos claramente nas mesmas, competentes para as promover e conscientes de que é necessário fazer desabrochar a sua capacidade cristã muitas vezes escondida e asfixiada, tanto mais essas realidades, sem nada perder ou sacrificar do próprio coeficiente humano, mas patenteando uma dimensão transcendente para o além, não raro desconhecida, se virão a encontrar ao serviço da edificação do reino de Deus e, por conseguinte, da salvação em Jesus Cristo."

Podemos dizer que ao discorrer sobre as "tarefas diversificadas" dos "obreiros da evangelização" – tema ao qual é dedicado o capítulo em questão – há um conceito de evangelização que reconhece a prioridade da hierarquia apostólica, mas ressalta todos os cristãos, particularmente recoloca no centro o papel do leigo.

O Papa Paulo VI desenvolve a autonomia do laicato na evangelização. Essa autonomia não é, porém, auto-suficiência da Igreja. Um leigo pode ser um evangelizador em sua paróquia, em comunhão com o seu pároco. O Concílio Vaticano II reconhece que, de certo modo, ao longo dos séculos, se subestimou o laicato.

De fato, o Decreto conciliar Apostolicam actuositatem trata, justamente, da importância e atualidade do apostolado dos leigos na vida da Igreja.

E concluímos com uma passagem dos Lineamenta (documento preparatório para o referido Sínodo) que nos ressalta que "desde o Concílio Vaticano II até hoje, a nova evangelização se propôs, sempre com maior lucidez, como o caminho graças ao qual confrontar-se com os desafios de um mundo em acelerada transformação e como a via para viver, hoje, o dom de ser reunidos pelo Espírito Santo para fazer a experiência do Deus que é nosso Pai, testemunhando e anunciando a todos a Boa Nova – o Evangelho – de Jesus Cristo" (Lineamente, nº 1).

Amigo ouvinte, por hoje é só. Semana que vem tem mais, se Deus quiser! (RL)







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