(29/2/2012) Três responsáveis da diplomacia da Santa Sé lançaram apelos ao fim imediato
da violência na Síria que, segundo a ONU, provocou mais de 7500 mortos nos últimos
meses. Em declarações à Rádio Vaticano, o observador permanente da Santa Sé Conselho
da ONU para os Direitos Humanos, D. Silvano Maria Tomasi, disse que “nunca é demasiado
tarde para pôr fim ao uso da violência”. Para este responsável, não é “aceitável
uma violação sistemática dos Direitos Humanos das pessoas, através da repressão violenta,
do uso da força contra manifestantes e do assassinato de tantos civis, incluindo crianças”. O
arcebispo italiano destaca que a situação síria tem consequências nos “equilíbrios
internos no Médio Oriente”, pedindo o “fim do uso da força”. Os confrontos entre
manifestantes e o regime do presidente Bashar al-Assad são particularmente visíveis
na cidade de Homs, 160 km a norte de Damasco, sob bombardeamento das forças do Governo. D.
Silvano Maria Tomasi falou esta terça-feira, perante os membros do referido Conselho
da ONU, lamentando os “dramáticos e crescentes episódios de violência na Síria que
causaram tantas vítimas e grave sofrimento”. O núncio apostólico (embaixador da
Santa Sé) em Damasco, D. Mario Zenari, afirma, por seu lado, ter ficado “impressionado
ao ver as crianças vítimas deste conflito”. Segundo o diplomata, a situação é “grave”
pela falta de alimentos ou medicamentos, sendo difícil “socorrer e curar os feridos,
enterrar os mortos”. D. Michael Fitzgerald, núncio apostólico no Egito e observador
da Santa Sé na Liga Árabe, sublinha a necessidade de “permitir a entrada de médicos,
medicamentos e alimentos para as pessoas”. O prelado considera que a decisão de
enviar Kofi Annan como enviado especial conjunto da ONU e da Liga Árabe “para ver
se é possível negociar” na Síria é “muito importante”. No último dia 12, Bento
XVI lançou um “apelo urgente” pedindo o fim da violência e do “derramamento de sangue”
na Síria. “Sigo com muita apreensão os dramáticos e crescentes episódios de violência
na Síria”, disse o Papa, após a recitação da oração do Angelus com milhares de pessoas
reunidas na Praça de São Pedro, no Vaticano. Falando em “numerosas vítimas”, nas
quais se incluem “algumas crianças”, Bento XVI lembrou ainda os feridos e “quantos
sofrem as consequências de um conflito cada vez mais preocupante”.