Quaresma, tempo de alegria! Palavra de monge. Ouça!
Cidade
do Vaticano (RV) - Esta é uma semana especial aqui na Cidade do Vaticano. Desde
sábado, 25, o Papa e seus colaboradores da Cúria Romana encontram-se juntos, meditando,
fazendo adorações e refletindo no chamado “Retiro Quaresmal”, ou seja, os exercícios
espirituais deste tempo do Ano Liturgico.
Reunidos na Capela Redemptoris Mater,
os cardeais e bispos estão sendo guiados nesta prática pelo Cardeal-arcebispo de Kinshasa,
Dom Laurent Monsengwo Pasinya.
O Programa Brasileiro colhe esta ocasião para
aprofundar o significado dos retiros espirituais, e conta com a ajuda do monge beneditino
Dom Basílio Silva. Original do Rio de Janeiro, ele está em Roma, em Santo Anselmo,
desde 2010 e está estudando para o doutorado em teologia bíblica.
“É na
Quaresma que nós realizamos o verdadeiro caminho de retorno ao Pai. Uma verdadeira
evangelização de nossas capacidades físicas e espirituais: inteligência, vontade,
memória, etc, a fim de que tudo seja voltado, orientado, para Deus. O objetivo de
nossa vida é que em tudo sej Deus glorificado. A chamada à conversão é pra todos os
cristãos; e nós temos a grande graça de celebrar, todos os anos, a Quaresma, porque
nos ajuda a recordar esta necessidade de constante retorno a Deus. Durante o ano,
com tanto trabalho, com outras atividades, é uma tendência muito humana esquecer que
realmente Deus é o centro de nossa vida. Até mesmo dentro da Vida Consagrada, trabalhando-se
tanto para Deus, acabamos instrumentalizando este trabalho. Então, a Quaresma, e o
valor do pregador, seja para o Santo Padre como para seus auxiliares, é sempre muito
importante. É na verdade aquele que Deus escolheu como profeta para anunciar a mensagem
de conversão”.
“Dentro da vida beneditina, nossa tendência é viver,
por causa da clausura, um grande retiro. A vida monástica é caracterizada por um certo
afastamento do mundo. Mas durante os exercícios espirituais, nós somos chamados a
viver mais intensamente o aspecto da oração. Os mosteiros são casas de adoração, lugares
onde o povo de Deus pode encontrar um sustento, um alimento espiritual”. “Este ritmo sempre nos leva a um maior encontro com Deus. São Bento chama
este momento de Escola de Serviço do Senhor, onde Cristo é o mestre e nós, através
da oração, da mudança da rotina, nos tornamos alunos para aprender o que é o mistério
da salvação: como Cristo pode se fazer sempre novo em nossas vidas”.
“Para
São Bento, e para nós, seus filhos espirituais, a Quaresma não é tempo de tristeza,
mas um tempo de alegria. É-nos dada mais uma possibilidade de nos preparar ao grande
mistério da Páscoa. Então, dentro da nossa leitura monástica de Quaresma, não é um
tempo de tristeza. É como Jesus diz no Evangelho: devemos ungir a cabeça, cobrir o
rosto, mas com a alegria, que revela que Cristo ressuscitou. Esta é a grande mensagem
de São Bento para nós seus filhos e para todos aqueles que conosco convivem, em nossa
realidade”. (CM)