2012-02-27 08:14:50

Cardeal Hummes: "Os consitórios determinam o futuro da Igreja"


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Cidade do Vaticano (RV) - Realizou-se no último sábado, 18 de fevereiro, o quarto Consistório convocado pelo Papa Bento XVI. Desta vez, foram criados 22 novos cardeais, sendo 4 deles com mais de 80 anos e, portanto, não eleitores numa eventual vacância da Santa Sé. Dom João Braz de Aviz é o único latino-americano do grupo.

Hoje, o Colégio Cardinalício tem 125 membros, representando 70 países dos cinco continentes. O Brasil e a Espanha ocupam o terceiro posto no número de membros. Numericamente a Itália tem a maior participação, com 52 membros. Os Estados Unidos têm 18 cardeais, sendo que seis deles têm mais de 80 anos. Antes da chegada de Dom João, eram nove os cardeais brasileiros, mas cinco com mais de 80 anos: Dom Eugênio de Araújo Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro; Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo; Dom José Freire Falcão, arcebispo emérito de Brasília; Dom Serafim Fernandes de Araújo, arcebispo emérito de Belo Horizonte; Dom Eusébio Oscar Scheid, arcebispo emérito do Rio de Janeiro. E quatro com menos de 80 anos: Dom Claudio Hummes, ex-prefeito da Congregação para o Clero; Dom Geraldo Majella Agnello, arcebispo emérito de Salvador; Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo e Dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida e presidente da CNBB.

O atual Colégio Cardinalício em números e funções: o decano é o italiano Angelo Sodano; o vice-decano é o francês Roger Etchegary; o camerlengo é o italiano Tarcisio Bertone, secretário de Estado; o protodiácono é o francês Jean-Louis Tauran.

33 cardeais pertencem a ordens, congregações ou Institutos de Vida Consagrada. Os jesuítas contam com oito cardeais, os franciscanos e salesianos com seis, os dominicanos e dehonianos com dois. Há também um agostiniano, um redentorista, um capuchinho, um claretiano, um vicentino, um monge ucraniano, um oblato de Maria Imaculada, um padre de Schonstatt, um escalabriniano e um supliciano.

Dom Claudio Hummes é cardeal desde 21 de fevereiro de 2001. Segundo ele, "os consistórios determinam o futuro da Igreja:

"Os consistórios de criação de cardeais são de importância muito grande porque interferem no futuro da Igreja, já que eles são eleitores do Papa no futuro e eventual conclave. É sempre muito determinante quem são os cardeais que o Papa nomeia.
Toda esta solenidade é muito bonita e significativa e este Papa, assim com o anterior, sabe também dar todo o significado maior do cardinalato, que não é apenas uma homenagem. Em primeiro lugar, os cardeais são um colégio especial porque dão conselhos ao Papa, o que demonstra também que o Papa governa, é pastor, mas escuta seus irmãos no episcopado, especialmente através dos cardeais.

Além disso, os cardeais são automaticamente membros do clero de Roma. Isto faz referência ao antigo costume quando o clero romano elegia o bispo de Roma, que era o Papa. Sendo os cardeais também membros do clero romano, é ainda sempre o clero romano que elege o bispo de Roma, o Papa. Tem outros significados, além deste: o Papa sempre insiste na fidelidade dos cardeais. Eles devem chegar a dar o sangue, até ao extremo do martírio. Mas isto todo cristão também precisa: todo cristão deve ser coerente e disposto a investir toda a sua vida em Jesus Cristo e dar a sua vida se for preciso. Isto vale para todos, faz parte da profunda adesão que devemos ter por Jesus Cristo. É interessante que isto seja sublinhado e até a cor das vestes lembra o sangue.

Toda a festa foi muito bonita, a solenidade foi bonita. De modo especial ao ver um brasileiro entre os 22 novos cardeais. Para o Brasil foi uma alegria, o Brasil é muito grato ao Papa, mesmo porque isto aumenta o número de eleitores brasileiros. No Brasil somos creio agora nove, mas grande parte destes nossos cardeais estão acima de 80 anos e, portanto não são mais eleitores. Ter aumentado mais um foi significativo para nós. Depois, Dom João, que todos conhecemos, acabou sendo chamado pelo Papa para ser Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades Apostólicas, já era muito importante termos um de nossos bispos aqui em Roma num encargo importante como são os Prefeitos de Congregações.

Ele é uma pessoa muito especial, todos o conhecemos, ele já conquistou Roma. Esta sua qualidade, ser um bispo, primeiramente muito espiritual e muito consciente de ser pastor de Jesus Cristo, de não ter outros interesses senão os de Jesus Cristo. Ele tem uma espiritualidade muito profunda e um caráter muito dialogante. Ele dá atenção às pessoas, tem muita formação, é doutor em teologia. Escutei dizer que os religiosos daqui estão gostando muito dele. Já visitou várias casas generalícias de religiosos e religiosas em Roma, e isto imediatamente conquista, pois mostra que ele está querendo estar junto dos religiosos, não só de longe prestando serviço, mas conviver com eles, animá-los, e mostrar todo o carinho da Igreja pelos religiosos. Isso nos alegra muito”.
(CM)







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