Papa ao Círculo São Pedro: a caridade é o coração da vida cristã
Cidade do Vaticano (RV) - Bento XVI recebeu em audiência nesta sexta-feira,
na Sala dos Papas, no Vaticano, uma delegação do Círculo São Pedro.
"O encontro
com o outro e o abrir o coração às suas necessidades são ocasião de salvação e de
beatitude." Foi o que disse o Pontífice encontrando os sócios do Círculo São Pedro,
na proximidade da Festa da Cátedra de São Pedro, celebrada domingo passado, uma circunstância
que oferece ao organismo "a ocasião de manifestar a peculiar fidelidade à Sé Apostólica".
O
Santo Padre saudou todos os membros – cerca de 35 –, acompanhados do assistente eclesiástico,
Mons. Francesco Camaldo, e do Presidente-Geral, Duque Leopoldo Torlonia, que em sua
saudação recordou que o Círculo São Pedro busca "responder da melhor forma possível,
com o empenho de todos", aos crescentes pedidos de ajuda dos últimos tempos.
De
fato, a caridade como "coração da vida cristã" foi o núcleo do discurso do Santo Padre
ao organismo fundado em Roma em 1869 e engajado em múltiplas atividades caritativas
e assistenciais.
A Quaresma há pouco iniciada "é um tempo propício a fim de
que, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, nos renovemos na fé e no amor",
quer a nível pessoal, quer a nível comunitário – recordou Bento XVI. "É um percurso
marcado pela oração e pela partilha, pelo silêncio e pelo jejum, à espera de viver
a alegria pascal."
A autenticidade da nossa fidelidade ao Evangelho "se verifica
também segundo a atenção e solicitude concreta que nos esforçamos de manifestar para
com o próximo, especialmente para com os mais fracos e marginalizados", ressaltou
o Pontífice, desejando, ademais, "o bem, sob todos os aspectos: físico, moral e espiritual":
"Embora
a cultura contemporânea pareça ter perdido o sentido do bem e do mal, é preciso reiterar
com veemência que o bem existe e vence. A responsabilidade para com o próximo significa
querer e fazer o bem do outro, desejando que ele se abra à lógica do bem; interessar-se
pelo irmão significa abrir os olhos às suas necessidades, superando a dureza de coração
que nos torna cegos aos sofrimentos dos outros. Assim o serviço caritativo se torna
uma forma privilegiada de evangelização, à luz do ensinamento de Jesus, o qual considerará
como feito a si mesmo aquilo que teremos feito aos nossos irmãos, espacialmente a
quem, dentre eles, é pequeno e desassistido."
Em seguida teve lugar uma reflexão
sobre o sentido de abertura ao próximo: partindo da Carta aos Hebreus, Bento XVI exortou
a se dar "atenção uns aos outros, para estimular-nos reciprocamente na caridade e
nas boas obras":
"É necessário harmonizar o nosso coração com o coração de
Cristo, a fim de que a amorosa ajuda oferecida aos outros se traduza em participação
e consciente partilha dos seus sofrimentos e das suas esperanças, tornando assim visível,
de um lado, a infinita misericórdia de Deus para com o homem – que brilha no rosto
de Cristo – e, do outro, a nossa fé n'Ele. O encontro com o outro e o abrir o coração
à sua necessidade são ocasião de salvação e beatitude."
Por outro lado, disse
o Santo Padre, "hoje como ontem, o testemunho da caridade toca o coração dos homens
de modo particular". A nova evangelização, especialmente numa cidade cosmopolita como
Roma, "requer – observou o Pontífice – grande abertura de espírito e sapiente disponibilidade
para com todos".
Nesse contexto se insere a obra do Círculo São Pedro e "bem
se coloca – disse aos sócios – a rede de intervenções assistenciais que vocês, todos
os dias, realizam em favor daqueles que se encontram em situação de necessidade":
a "generosa obra" nos refeitórios, no abrigo noturno, na casa família e no centro
multifuncional, bem como "o silencioso, mas eloquente testemunho" dado em favor dos
doentes e de seus familiares na Fundação Hospitalar de Roma, como também "o empenho
missionário no Laos e as adoções à distância".
Os componentes do Círculo São
Pedro – como todos os anos – entregaram a Bento XVI o "óbolo para a caridade do Papa",
fruto da coleta feita nas paróquias romanas:
"Ele representa uma ajuda concreta
oferecida ao Sucessor de Pedro para que possa responder aos inúmeros pedidos que lhe
são feitos de todas as partes do mundo, especialmente dos países mais pobres."
O
agradecimento do Santo Padre foi estendido a toda a atividade realizada "generosamente"
e "com espírito de sacrifício" pelo Círculo, que nasce "da fé de vocês, da relação
com o Senhor cultivada todos os dias", recordou o Papa.
Em seguida, os votos
de Bento XVI foram de que "fé, caridade e testemunho continuem sendo as linhas-mestras"
do apostolado de todo membro da organização, empenhado também em fazer-se presente
"durante as Celebrações litúrgicas na Basílica de São Pedro, ocasião com a qual demonstra
"a constante dedicação e a devota fidelidade" à Sé do Apóstolo Pedro.
Por fim,
o Santo Padre concedeu a sua Bênção Apostólica aos participantes a fim de que o Senhor
os ajude "a realizar a própria vocação cristã" em família, no trabalho e no seio da
associação. (RL)