Nova Evangelização e "Evangelii Nuntiandi": bispos, mestres da fé
00:05:30:00 Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, mais
uma vez abrimos espaço em nosso programa para este quadro dedicado à nova evangelização,
tendo em vista a próxima Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, programada
para realizar-se, no Vaticano, de 7 a 28 de outubro deste ano com o tema "A nova evangelização
para a transmissão da fé cristã".
Mais vezes insistimos, neste espaço, em dizer
o que é e o que não é a "nova evangelização": "compromisso não certamente de reevangelização,
mas de nova evangelização.
Como mais vezes ressaltado, a nova evangelização
não é uma duplicação da primeira, não é uma simples repetição, "mas é a coragem de
ousar novos caminhos, para atender às mudanças de condições dentro das quais a Igreja
é chamada a viver hoje o anúncio do Evangelho" (Lineamenta, nº 5).
Hoje
recorremos brevemente aos Lineamenta – documento preparatório para o referido Sínodo
de outubro próximo – para dedicar uma palavra ao termo "transmissão da fé":
"Transmitir
a fé significa criar em cada lugar e em cada tempo as condições para que o encontro
entre os homens e Jesus Cristo aconteça. A fé, como encontro com a pessoa de Cristo,
tem a forma da relação com Ele, da memória d’Ele (na Eucaristia) e do formar em nós
a mentalidade de Cristo, na graça do Espírito. Como reafirmou o Papa Bento XVI, «ao
início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande idéia, mas o encontro
com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma,
o rumo decisivo. [...] Dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora
o amor já não é apenas um «mandamento», mas é a resposta ao dom do amor com que Deus
vem ao nosso encontro»[]. A própria Igreja toma forma a partir da realização desta
tarefa de anunciar o Evangelho e da transmissão da fé cristã" (Lineamenta, nº 11).
E
passemos à nossa revisitação à "Evangelii Nuntiandi", trazendo, nesta edição, o nº
68 da Exortação Apostólica de Papa Paulo VI, de 1975. Recordamos que estamos no capítulo
VI, que se ocupa dos "obreiros da evangelização", e, nesse contexto, o nº 68 trata
dos bispos e sacerdotes. Diz o texto:
Bispos e sacerdotes
68.
"Unidos ao sucessor de Pedro, os Bispos, sucessores dos apóstolos, recebem pela
virtude da ordenação episcopal, a autoridade para ensinar na Igreja a verdade revelada.
Eles são os mestres da fé. Aos Bispos são associados no ministério da evangelização,
como responsáveis por um título especial, aqueles que, por força da ordenação sacerdotal,
agem em nome de Cristo, (103) dado que são, enquanto educadores do povo de Deus na
fé, pregadores, ao mesmo tempo que ministros da eucaristia e dos outros sacramentos. Todos
nós, portanto, enquanto Pastores, somos convidados a tomar consciência, mais do que
qualquer outro membro da Igreja, deste dever. Aquilo que constitui a singularidade
do nosso serviço sacerdotal, aquilo que dá unidade profunda às mil e uma tarefas que
nos solicitam ao longo do dia e da nossa vida, aquilo, enfim, que confere às nossas
atividades uma nota específica, é essa finalidade presente em todo o nosso agir: "anunciar
o Evangelho de Deus".(104) Está nisto um traço bem vincado da nossa identidade,
que dúvida alguma jamais haveria de fazer desvanecer, que nunca objeção alguma deveria
eclipsar. Como Pastores, nós fomos escolhidos pela misericórdia do supremo Pastor,
(105) apesar da nossa insuficiência, para proclamar com autoridade a Palavra de Deus,
para reunir o povo de Deus que andava disperso, para alimentar este mesmo povo com
os sinais da ação de Cristo que são os sacramentos, para o encaminhar para a via da
salvação, para o manter naquela unidade de que nós somos, em diferentes planos, instrumentos
ativos e vivos, para animar constantemente esta comunidade congregada em torno de
Cristo na linha da sua vocação mais íntima. E sempre que nós, na medida das nossas
limitações, perfazemos tudo isto, é uma obra de evangelização aquilo que nós de fato
realizamos. Nós, como Pastor da Igreja universal, os nossos Irmãos Bispos à frente
das suas Igrejas particulares e os sacerdotes e diáconos unidos aos seus próprios
Bispos, de quem são os colaboradores, por uma comunhão que tem a sua origem no sacramento
da ordem e na caridade da Igreja."
Amigo ouvinte, por hoje nosso tempo
já acabou. Semana que vem tem mais, se Deus quiser! (RL)