Ministro Padilha: Campanha da Fraternidade é um presente para o SUS
Brasília
(RV) - Foi aberta, na tarde desta Quarta-Feira de Cinzas, a 49ª Campanha da Fraternidade
(CF), cujo tema é "Fraternidade e Saúde Pública", com o lema "Que a saúde se difunda
sobre a terra".
A solenidade de abertura, na sede da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF), foi dirigida pelo Secretário-Geral
da entidade, Dom Leonardo Steiner, e contou com a participação do Ministro da Saúde,
Alexandre Padilha; do Secretário-Executivo da CF, Padre Luiz Carlos Dias, além de
outros convidados.
"A Campanha da Fraternidade é um tempo especial para a conversão
do coração, através da prática da oração, do jejum e da esmola, como processo de abertura
necessária para sermos tocados pela grandeza da vida nova que nasce da cruz e da ressurreição",
disse Dom Leonardo.
Em seu discurso, o Secretário-Geral da CNBB disse que houve
"significativos avanços" nas últimas décadas da saúde pública no país, como o aumento
da expectativa de vida da população, a drástica redução da mortalidade infantil, a
erradicação de algumas doenças infecto-parasitárias e a eficácia da vacinação e do
tratamento da Aids, elogiada internacionalmente.
Dom Leonardo também levantou
pontos que ainda não foram completamente sanados pelo Governo em relação à saúde.
"Com a Campanha da Fraternidade de 2012, a Igreja deseja sensibilizar a todos sobre
uma das feridas sociais mais agudas de nosso país: a dura realidade dos filhos e filhas
de Deus que enfrentam as longas filas para o atendimento à saúde, a demorada espera
para a realização de exames, a falta de vagas nos hospitais públicos e a falta de
medicamentos. Sem deixar de mencionar a situação em que se encontra a saúde indígena,
dos quilombolas e da população que vive nas regiões mais afastadas", destacou Dom
Leonardo.
O Bispo Auxiliar de Brasília ressaltou não ser exagero dizer que
a saúde pública no país "não vai bem". "Os problemas verificados na área da saúde
são reflexos do contexto mais amplo de nossa economia de mercado, hoje globalizada,
que não tem, muitas vezes, como horizonte os valores ético, morais e sociais."
Sobre
o corte de cinco bilhões de reais da área da saúde, Dom Leonardo destacou que esta
decisão do governo preocupa e frustra "a expectativa da população por maior destinação
de recurso à saúde" após a discussão da Emenda Constitucional 29.
O Ministro
da Saúde, Alexandre Padilha, agradeceu à CNBB, em nome do Ministério da Saúde, do
Sistema Único de Saúde (SUS) e do Conselho Nacional de Saúde (CNS), pela escolha do
tema da Campanha da Fraternidade deste ano. "Agradecemos esse gesto da CNBB por trazer
a saúde, em especial a saúde pública, como tema central de reflexão da Quaresma e
durante toda a Campanha da Fraternidade. Sabemos que isso provoca um debate permanente
durante todo o ano na Igreja Católica e nas comunidades. Não poderia ter presente
maior para o SUS do que esta iniciativa da Igreja Católica", disse o ministro.
Segundo
Padilha, a responsabilidade e os desafios de consolidar o Sistema Único de Saúde são
enormes. "Primeiro pela dimensão de nosso país, desafio que nenhum outro país com
mais de 100 milhões de habitantes assumiu. O Brasil assumiu em sua Constituição, colocando
a saúde como dever do Estado. E depois assumiu o SUS, que tem como princípio levar
saúde de forma integral e universal para toda a sua população. Sabemos que o desafio
do SUS não é pequeno", destacou.
"Tenho a esperança de que nesta Campanha da
Fraternidade cada uma das comunidades do país possa discutir o SUS 'real', aquilo
que é a única porta para 145 milhões de brasileiros. É a partir desse debate que poderemos
enfrentar os problemas que temos a sanar na saúde pública no país", observou o Ministro.