2012-02-20 09:29:38

Egito: primavera árabe pode provocar "outono religioso". Ouça!


Cidade do Vaticano (RV) - RealAudioMP3 Neste espaço reservado aos Direitos Humanos, hoje vamos falar de violência anticristã. Nosso destino é o Egito:

Nos últimos meses, mais de uma vez Bento XVI se manifestou a favor das minorias religiosas presentes no Egito, em especial dos coptas, vítimas de perseguições. Antes da primavera árabe, quando ainda Hosni Mubarak estava no poder, essas comunidades viviam poderíamos dizer, um outono religioso, ou seja, eram toleradas pelos muçulmanos, tratadas com hostilidade, mas a convivência era possível. Com a queda de Mubarak, as agressões se tornaram mais explícitas e o que era um outono, se tornou inverno:

A reportagem do Programa Brasileiro encontrou a família Ghattas. Em abril passado, o filho mais novo do casal, com então nove anos, foi sequestrado por membros da Irmandade Muçulmana quando jogava num centro desportivo perto de casa. No segundo dia do seqüestro, a família concordou em pagar 20 mil euros para o resgate, com medo de que a criança fosse assassinada. O susto foi tão grande, que o casal decidiu abandonar o Egito com os dois filhos.

Um amigo do casal recomendou que Marcos e Miriam Ghattas obtivessem um visto para Moscou, na Rússia, com conexão em Roma. A própria Agência de viagem aconselha a Itália como local de trânsito, porque o país acolhe pedidos para asilo político. E assim foi feito, no aeroporto Leonardo da Vinci, o casal com os dois filhos pediu asilo à Itália. Desde agosto do ano passado, eles se encontram no Centro para requerentes de asilo da Cruz Vermelha, que fica em Castelnuovo di Porto, a 30 km de Roma, onde esteve a nossa emissora.

Seis meses é o tempo que a Constituição italiana prevê para que o processo de pedido de asilo seja acolhido ou rejeitado. Esse período já passou, e eles estão à espera da resposta. Enquanto isso, a desesperança tomou conta da família, principalmente de Mariam, a mãe. Eles deixaram para trás um emprego público, casa, carro; Mariam trabalhava numa boutique de roupas. Deixaram tudo. Questionada sobre como vê sua vida daqui um ano, Mariam é pessimista: ela se diz desmoralizada. Vivendo num centro de acolhimento, não consegue projetar um futuro diante de si.

Estando neste centro, as crianças frequentam a escola pública italiana. Outro dia, a escola organizou uma excursão, mas eles não tinham nem mesmo o dinheiro para que o filho mais novo participasse – fatos da cotidianidade que só fazem aumentar a angústia que Mariam sente. Se eles obtiverem o asilo político, com duração de cinco anos e que normalmente é renovado, eles terão que recomeçar do zero: encontrar um lugar para morar e meios para se sustentar.

Se a primavera árabe se tornará efetivamente um período de florescimento das liberdades, o que é certo é que a família Ghattas não estará lá para comprovar essa transformação, pois não têm intenção nenhuma de regressar ao Egito.

(BF)







All the contents on this site are copyrighted ©.