Bento XVI na missa com os neo-purpurados: "a cada cristão, está confiado o dom do
amor"
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Bento XVI presidiu na manhã deste domingo
na Basílica de São Pedro a celebração eucarística concelebrada pelos 22 neo-cardeais
criados no Consistório realizado na manhã de sábado. Numa Basílica repleta de fiéis,
peregrinos, famíliares e amigos dos neo-purpurados o Prefeito da Congregação para
a Evangelização dos Povos, Dom Fernando Filoni, fez uma saudação agradecendo ao Papa
pela criação dos novos cardeais. “Neste momento, tão significativo para nós - disse
Dom Filoni - queremos, juntamente com os nossos sentimentos de gratidão, de afeto
e de dedicação, apresentar-lhe, como dom, o renovado compromisso de fidelidade”.
Neste
domingo a Igreja Católica presente em todo o mundo, celebrou a Festa da Cátedra de
São Pedro, antecipada do dia 22 quando será Quarta-feira de Cinzas. Na sua homilia
Bento XVI recordou que o texto evangélico deste domingo apresenta Pedro que, movido
por uma inspiração divina, exprime firmemente a sua fé em Jesus, o Filho de Deus e
o Messias prometido. Respondendo a esta profissão clara de fé, que Pedro faz também
em nome dos outros Apóstolos, Cristo revela-lhe a missão que pensa confiar-lhe: ser
a «pedra», a «rocha», o alicerce visível sobre o qual será construído todo o edifício
espiritual da Igreja.”
Esta denominação de “rocha – pedra” - destacou o Papa
- não alude ao carácter da pessoa, mas só é compreensível a partir dum aspecto mais
profundo, a partir do mistério: através do encargo que Jesus lhe confere, Simão Pedro
tornar-se-á aquilo que ele não é mediante “a carne e o sangue”.
O Santo Padre
faz depois uma representação da “Cátedra de São Pedro”, de autoria de Bernini, presente
na ábside da Basílica. Bento XVI evocou o “enorme trono de bronze”, sustentado por
quatro Padres da Igreja do Oriente e do Ocidente…E na janela oval, por cima do trono
– sublinhou - resplandece a glória do Espírito Santo, envolvida por um triunfo de
anjos… Este conjunto escultórico, nascido do gênio de Bernini, representa uma visão
da essência da Igreja e, no seio dela, do magistério petrino.
“A Igreja não
existe para si mesma, - disse ainda o Papa - não é o ponto de chegada, mas deve apontar
para além de si, para o alto, acima de nós. A Igreja é verdadeiramente o que deve
ser, na medida em que deixa transparecer o Outro – com O maiusculo– do qual provém
e para o qual conduz. A Igreja é o lugar onde Deus “chega” a nós e donde nós “partimos”
para Ele; a este mundo que tende a fechar-se em si próprio, a Igreja tem a missão
de o abrir para além de si mesmo e levar-lhe a luz que vem do Alto e sem a qual se
tornaria inabitável.”
Neste contexto, Bento XVI recordou a conhecida expressão
de Santo Inácio de Antioquia, que, na sua Carta aos Romanos, designa a Igreja de Roma
como “aquela que preside à caridade”. “Presidir à caridade” significa atrair os homens
num abraço eucarístico – o abraço de Cristo – que supera toda a barreira e estranheza,
criando a comunhão entre as múltiplas diferenças.
Por conseguinte, o ministério
petrino é primado no amor em sentido eucarístico, ou seja, solicitude pela comunhão
universal da Igreja em Cristo. E a Eucaristia é forma e medida desta comunhão, e garantia
de que a Igreja se mantém fiel ao critério da tradição da fé.”
Bento XVI finalizou:
“Amados irmãos e irmãs, a nós, a cada cristão, está confiado o dom do amor: um dom
que deve ser oferecido com o testemunho da nossa vida”. (SP)