Cidade do Vaticano
(RV) - No Evangelho deste domingo Jesus se encontra em casa de uma família e são
muitos aqueles que vão até lá para ver o Senhor. Alguns vão por curiosidade, outros
para saber se ele é correto em sua teologia, outros porque desejam curas físicas e,
finalmente, outros para conhecerem o caminho que leva ao Pai.
De qualquer maneira,
o modo de ser de Jesus atrai as pessoas. Ele é diferente, fala de caridade e com caridade,
fala de perdão e até perdoa em nome de Deus. Quem será esse homem, esse Jesus de Nazaré?
Em
dado momento levam até Jesus um homem paralítico. Dentro da mentalidade judaica da
época, uma pessoa paralítica era uma pessoa pecadora. A paralisia, assim como outras
doenças era vista como castigo por pecados cometidos. Portanto aquela pessoa conduzida
a Jesus, além da paralisi, sofria o preconceito de ser pecadora, mesmo que ninguém
a tivesse visto pecar. Para eles, Deus a viu pecar e por isso a puniu. O sofrimento,
a doença são assim explicados, como causados por Deus.
O trecho de Marcos
nos ensina que o primeiro ato para eliminar o sofrimento é a solidariedade. Os amigos
do enfermo o levam até Jesus para que o cure; contudo a sala está lotada e não existe
a menor possibilidade de introduzir o amigo diante do Senhor. Aí, nesse momento de
dificuldade surge a idéia de levá-lo ao terraço e destelhar o necessário para descê-lo
diante de Jesus. A necessidade é criativa!
Jesus que vê a fé dos amigos e a
do paralítico vai a fundo e o liberta do mal mais forte e maior, o pecado. O Senhor
age como Deus e abre mão dos sacrifícios para o perdão. Isso causa mal estar entre
os doutores da lei que acusam Jesus de blasfêmia. Eles não olham a cura, mas a ação
livre do Senhor. Jesus, então, para demonstrar quem ele era diz ao paralítico que
se levante, pegue sua maca e vá para casa. Ele está absolutamente curado, tanto espiritual
como fisicamente.
Podemos ver na pessoa do paralítico a Humanidade. Os carregadores
representam essa humanidade que nada poderá fazer a não ser se apresentar ao Senhor
como pecadora. Ela quer entrar e se apresentar ao Senhor, mas é impedida pelos que
se assenhorearam do Senhor, ou seja, pelos doutores da lei, pelos sacerdotes e pelas
pessoas de bem, aquelas pessoas que se consideravam íntegras. Todos esses impedem
o acesso ao Senhor que disse ter vindo para os pecadores e não para os justos.
Jesus
vê tudo isso e num gesto de grande liberdade perdoa o doente de seus pecados sem nada
pedir em troca, como irá fazer com Dimas, o Bom Ladrão. Basta a demonstração de que
crê na bondade de Deus e em seu poder para ser libertado do pecado, para não querer
mais pecar.
Essa generosidade do Senhor escandaliza os doutores, contudo o
homem sai renovado, de corpo e de espírito. Jesus veio para isso, para salvar, para
libertar o homem inteiro.