2012-02-18 09:14:30

Editorial: Grécia, por que?


Cidade do Vaticano (RV) - RealAudioMP3 Após dias consecutivos de graves distúrbios sociais, de violência contínua, de indignação pública, a tranquilidade ainda não reina num país que luta para não falir: estamos falando da Grécia. Esta terra provoca em nós uma forte atração, misturada agora à tristeza, ao ver o berço da filosofia encontrar-se neste momento a ferro e a fogo, quase deixado ao seu destino. Podemos nos perguntar, mas falar da Grécia, país tão distante do Brasil, o que pode interessar a nós brasileiiros? Além da simpatia que nutrimos por essa terra conhecida através dos livros e de suas conquistas filosóficas e artísticas, podemos ver na situação grega, como um país que se encontra no chamado “primeiro mundo”, pode também padecer duramente as consequências de escolhas e comportamen tos passados de dirigentes e políticos.

A sociedade moderna é marcada por inúmeras e novas particularidades que se refletem diretamente no comportamento e na formação da identidade e dos valores de todos os seus membros. Portanto, isolar-se desta realidade ou querer manter-se distante e imune aos seus efeitos é praticamente impossível. Neste mundo marcado pela cultura do efêmero, do individualismo egocêntrico, da indiferença pelo sofrimento alheio, devemos preservar valores e conservar a dignidade humana; e isso constitui um verdadeiro desafio.

Hoje o povo grego sai às ruas contra a corrupção e a crise econômica. Uma pesquisa de um jornal local, indica que 60% dos entrevistados considera as manifestações como o resultado de insurreição social geral, rejeitando as declarações do primeiro ministro, Costas Karamanlis, que afirma que os distúrbios são causados somente por grupos marginais. A Grécia vive dias de revolta fruto de medidas de austeridade em vigor e contra o megapacote aprovado no parlamento grego.

Para alguns segmentos políticos “a situação muito difícil vivida hoje pela grande maioria dos trabalhadores e famílias gregas vai agravar-se de forma insustentável nos próximos tempos com as medidas agora impostas pela União Europeia, Banco Central Europeu e FMI”. Os analístas mais críticos afirmam que se trata de uma “situação que sufoca social e economicamente o povo grego, empurrando para o desemprego, milhares de trabalhadores.

Por que chegamos a uma situação como essa na Grécia? Certamente a explicação é longa, mas podemos pensar que a falta de uma ética nas finanças, na política, no dia a dia das pessoas e a corrupção, são elementos determinantes que contribuem para que a bola de neve aumente e se transforme numa crise econômica de dimensões impensáveis.

A Igreja Católica preocupa-se com a nova conjuntura mundial e suas consequências na vida da população. Como agir então diante dessas novas realidades? Certamente devemos começar pela nossa casa, pela nossa comunidade, adotando comportamentos que não marginalizem o nosso próximo, que não o excluam da sociedade, comportamentos éticos que não firam o bem-comum. Outro caminho a ser percorrido é o da solidariedade. Como cristãos devemos, se for necessário, ir contra a corrente para sermos livres. A Grécia nos ensina nestes dias, que a cada dia temos a oportunidade de ser solidários e de colocar em prática os valores cristãos; a responsabilidade é de todos. (SP)







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