(17/2/2012) A Líbia assinala esta sexta-feira o primeiro aniversário da sua
revolução, mas persiste a inquietação quanto ao futuro do país, em particular em matéria
de segurança, estabilidade e fundação de um Estado de Direito. O país está a preparar
as primeiras eleições desde há décadas, mas a proliferação de milícias de ex-rebeldes
tem complicado a tarefa dos novos dirigentes. Após um conflito sangrento, foram
formadas milícias que asseguram atualmente as funções da polícia e do exército, forças
que o novo regime ainda não refundou. As milícias armaram-se com recurso ao arsenal
herdado do antigo regime e não hesitam em utilizar as armas ao mais pequeno conflito
de interesses, provocando vítimas.
Os novos dirigentes estabeleceram como primeiro
objetivo desarmar o país. Para esse efeito, puseram em prática um plano para integrar
milhares de combatentes nas forças militares ou nos serviços de segurança, mas os
resultados ainda não surgiram. Os revolucionários controlam também as prisões onde
se encontram detidos responsáveis e combatentes do antigo regime, alguns dos quais
foram torturados até à morte, segundo organizações de defesa dos direitos humanos. A
lentidão das reformas provocou movimentos de contestação ao Conselho Nacional de Transição
(CNT), no poder, acusando-o de "roubar a revolução" e de ter permitido a "oportunistas"
do antigo regime integrarem a nova equipa dirigente. As autoridades parecem vergar-se
à herança deixada por Muammar Kadafi: proliferação de armas, infraestruturas vetustas,
ausência de instituições, economia minada pela corrupção, sistemas de saúde e de ensino
rudimentares. Os desafios são enormes para os novos dirigentes que decidiram suspender
tudo até às próximas eleições, previstas para Junho, limitando-se a gerir os assuntos
correntes. As novas autoridades fizeram das eleições a prioridade, adoptaram uma
lei eleitoral e a formação de uma comissão eleitoral foi saudada pela missão das Nações
Unidas na Líbia.