Roma (RV) – “Sarajevo, Jerusalém da Europa”, cidade símbolo e mártir de uma
guerra fratricida que provocou 20 anos atrás a morte de 11 mil pessoas entre as quais
muitas crianças, se apresenta hoje como “modelo” da convivência entre os povos da
Europa. Dessa maneira o Arcebispo de Sarajevo, Cardeal Vinko Puljic, apresentou a
imprensa na manhã de ontem, em Roma, o Encontro Mundial pela Paz “Homens e Religiões”,
que junto com a Comunidade de Santo Egídio, a Arquidiocese de Vrhbosna-Sarajevo organizará
na cidade da Bósnia de 9 a 11 de setembro de 2012.
Também este ano e em Sarajevo,
a iniciativa acontecerá com a colaboração de todas as realidades religiosas, políticas
e culturais da Bósnia-Herzegóvina e contará com a participação de líderes de todas
as grandes religiões, além de representantes do governo. O cardeal lembrou que o convite
para que o encontro de paz fosse realizado em Sarajevo foi lançado no ano passado
em Munique (Alemanha) pela primeira vez junto com o bispo auxiliar da cidade e pelo
Grão Mufti Mustafá Ceric, a mais alta autoridade religiosa islâmica na Bósnia-Herzegóvina.
Em seguida suas palavras se dirigiram à “triste guerra” que vinte anos atrás
trouxe horror e desolação à cidade de Sarajevo e à toda a região: “é fácil reconstruir
as casas – lembrou o Cardeal Puljic –, difícil é renovar o coração, purificar as memórias
do ódio, porque existem ainda feridas a serem curadas”.
O arcebispo falou
também da difícil situação econômica em que se encontra o País onde “40% da população
não trabalha e os jovens são obrigados a emigrar”. Falou da diminuição da minoria
católica croata em Sarajevo, que conta hoje só 8% da população numa cidade de maioria
islâmica. E, apesar de não existirem estatísticas oficiais, o fato é que “na Bósnia-Herzegóvia,
antes da guerra viviam 820 mil católicos, hoje estão reduzidos a 440 mil, quase a
metade”.
“Espero – concluiu o cardeal – que o encontro de oração pela paz possa
contribuir a criar um clima positivo para o futuro deste País”. Na apresentação do
encontro, o Presidente da Comunidade de Santo Egídio, Marco Impagliazzo, destacou
que o evento de Sarajevo teve a aprovação do Patriarcado ortodoxo sérvio de Belgrado.
Estarão também presentes os representantes das populações ciganas da Bósnia e da pequena
comunidade hebraica. “As religiões 20 anos atrás foram vistas como elementos de divisão
e de ódio. Queremos hoje dizer que as religiões são, isso sim, elementos de unidade
e convivência”. E acrescentou: “A Europa não pode e não deve esquecer essa terra”.
(SP)