Nova Iorque
(RV) – A indústria do tabaco fabrica o único produto legal que quando se usa da
maneira indicada pelos fabricantes, mata a metade de seus consumidores.
Assim
destacou a Assessora Regional para o Controle do Tabaco da Organização Pan-americana
da Saúde (OPS), Dra. Adriana Blanco.
Dos 35 países do continente americano,
29 já aderiram ao Convênio Marco para o Controle do Tabaco, que está vigente desde
2005 e é o único instrumento internacional que obriga os Estados a aplicarem medidas
que protejam a população da exposição ao fumo.
Dra. Adriana Blanco fala sobre
os avanços conquistados pela América Latina com as leis de ambientes – públicos e
de trabalho – 100% livres de fumo.
“Este é um aspecto muito relevante por
seu impacto sobre os não-fumantes e também nos fumantes, já que as leis impelem o
fumante a não fumar. Além disso, descaracteriza a ideia de que se pode fumar em todos
os lugares fazendo com que, principalmente os jovens, entendam que fumar não é comum
em todos os lugares”.
Sobre as recomendações para os governos, Blanco disse
que o Convênio Marco para o Controle do Tabaco traz todas as orientações para eliminar
a epidemia do tabagismo e que as medidas para isso são facilmente implementáveis.
Isso já foi demonstrado pelos países em desenvolvimento do continente americano numa
ação que também mostrou que é possível salvar vidas: estatísticas dos países que têm
áreas livres de fumo registram queda nos casos de enfarto de miocárdio.
A Assessora
da OPS deixa claro ainda que fumar não é um hábito.
“É um vício, com uma substância
muito viciante e que a indústria que a produz sabia que era viciante muito antes de
ter aceitado publicamente. Hoje, a maioria dos viciados deixariam de fumar, é o que
nos dizem as pesquisas internacionais. É preciso buscar ajuda, já que parar de fumar
não é fácil, mas também não é impossível”.
Sobre o conflito de interesses
que existe entre a indústria do tabaco e o setor da saúde, Blanco diz que é uma relação
difícil porque a indústria do tabaco segue sendo uma potência em nível económico e
que usa esse artifício para pressionar indevidamente alguns governos. Como, por exemplo,
nas assim ditas “responsabilidades sociais corporativas” que nada mais são do que
uma forma de disfarçar, dar dinheiro para uma causa que não está ligada ao tabaco
e, com isso, poder bloquear as regulamentações que freiam a indústria do tabaco porque
esta indústria que colabora com os países. “Para o conflito de interesses não há reconciliação”,
esclare.
Por fim, Blanco fala da relação do vício de fumar com o surgimento
de doenças crônicas.
“O fumo está diretamente ligado ao surgimento de doenças
crônicas não-transmissíveis. Neste momento, o mundo inteiro presta atenção nas doenças
crônicas porque se não diagnosticadas precocemente, provavelmente os sistemas públicos
de saúde não terão como fazer frente aos custos na saúde que virão a ter. Eu me refiro
a doenças cardiovasculares, respiratórias e câncer que têm causa comum no fumo”.