Rio de Janeiro (RV) - Concluímos, neste Sexto Domingo do Tempo Comum, a proclamação
litúrgica do primeiro capítulo do Evangelho de Marcos (Mc 1,40-45). Nos domingos
anteriores vimos a abertura para a universalidade, ou seja, Jesus que coloca o seu
pensamento e o seu olhar sobre os que sofrem, tanto próximos como os que estão longe.
Jesus vai à sinagoga e imediatamente a sua fama se espalha por toda parte; sai e vai
à casa de Pedro para curar sua sogra e, depois, uma cidade inteira pede para fazer
a experiência da misericórdia. Todos daquela cidade queriam estar com o Senhor; mas
Ele se sente chamado por todos os outros e, por isso, tem necessidade de ir para outros
lugares para que os outros tenham a oportunidade de conhecê-Lo também.
O Evangelista
Marcos nos diz que um dos traços que qualificam o ministério de Jesus é a missionariedade,
o ir "em todos os lugares", porque quem ama, ama também os outros e não pode permanecer
fechado em seu pequeno mundo, em seu particularismo.
Mas há, ainda, outro aspecto
que ouvimos nestes domingos: o silêncio, que os estudiosos chamam de segredo messiânico.
Haverá o momento em que Ele irá enviar todos para proclamarem a Boa Notícia. Poderiam
ter uma ideia errada de messianismo. Veremos isso claramente quando o segredo é finalmente
revelado; quando tudo vem manifestado, porque também os pagãos fazem a sua profissão
de fé: “esse homem era realmente o Filho de Deus”, nos diz o centurião romano sob
a cruz.
Um aspecto importante que devemos sublinhar é o da acolhida. Esse
leproso, segundo a lei (veja a leitura do Levítico deste domingo), deveria estar fora
do acampamento, longe de todos, rejeitado e excluído, e Jesus, diante dele, fez o
contrário; foi ao seu encontro, tocou nele, Jesus acolheu o leproso. Podemos ver
nessa atitude a presença de Jesus que se aproxima de todos aqueles que estão longe
da comunidade pelo pecado, não aparece em suas vidas a beleza da graça de Deus, e
quando a pessoa se aproxima de Cristo, é Ele exatamente que vem e transforma sua vida!
Nesse episódio, mais que uma questão da cura de uma doença é um grande anúncio da
nova vida que Cristo nos traz com a Sua morte e Ressurreição.
Assim também
somos chamados a fazer. Uma vez perdoados e reconciliados, somos enviados para ir
ao encontro de todos, anunciando a Boa Notícia da salvação em Cristo a todas as pessoas.
A acolhida é o primeiro serviço: encontrar o outro e ajudá-lo a superar barreiras
e cercas, sentir-se e saber-se acolhido e experimentar a verdadeira caridade, o amor
verdadeiro. À luz de tudo isto seria bom, na nossa vida, que a ação de Jesus se
torne ternura, oração! Nesta semana sigamos a recomendação que São Paulo faz na segunda
leitura deste sexto domingo comum: ser imitadores de Cristo como “eu sou”, e, com
isso, sermos capazes de olhar o passado e contemplar a Cruz para acolher, envolver
e anunciar aos nossos irmãos e irmãs a alegria de sermos renovados, ressuscitados
em Cristo Jesus!
Neste domingo que se segue ao Dia Mundial dos Enfermos e
já nos preparando para a próxima Campanha da Fraternidade, vamos também acolher sempre
o doente, tocar-lhe, dar-lhe cidadania, e trazê-lo para a comunhão eclesial, dando-lhe
saúde física e espiritual no seguimento e no discipulado de Jesus, o Cristo Redentor! †
Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio
de Janeiro, RJ