Cidade do Vaticano (RV) – No último dia 7 de
fevereiro foi publicada aqui no Vaticano a Mensagem de Bento XVI para a Quaresma deste
ano, que tem início na Quarta-feira de Cinzas, dia 22 de fevereiro.
O tema
deste ano, muito sugestivo, extraído da Carta aos Hebreus, «Prestemos atenção uns
aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (Hb 10, 24) nos exorta
a termos uma maior responsabilidade pelos irmãos. Como já dizia Paulo VI, o mundo
atual sofre sobretudo de falta de fraternidade. Esse é o primeiro ponto que Bento
XVI salienta na sua mensagem afirmando que “a responsabilidade pelo próximo significa
querer e favorecer o bem do outro”, abrindo assim os olhos para as suas necessidades.
Estamos vivendo um momento histórico onde a oportunidade para sermos solidários
se apresenta a cada momento. São milhões de pessoas que perambulam pelas ruas do mundo,
onde o ter é mais importante do que o ser, e onde o miserável é somente mais um número
na estatística. Olhar para o próximo e suas necessidades é um imperativo para os cristãos
que se preparam a viver mais um período da Quaresma, tempo propício para refletir
sobre o coração da vida cristã: a caridade.
Não podemos ficar calados – disse
já Bento XVI – recordando que na base da crise econômica que hoje investe o mundo
está a avidez, a busca desenfreada de dinheiro, do lucro sem escrúpulos e sem considerar
que quem tem menos é que deve suportar as consequências das escolhas erradas dos outros.
O
segundo ponto que o Papa oferece para a reflexão é o dom da reciprocidade. O Papa
toca a tecla do sofrimento, afirmando que a sociedade de hoje pode tornar-se “surda
quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida”. O
chamado de atenção de Bento XVI é para que mudemos nosso comportamento, pois os discípulos
de Cristo “vivem numa comunhão que os liga uns aos outros como membros de um só corpo”.
Isto significa que a vida do outro, a sua salvação, têm a ver com a minha vida e com
a minha salvação. Não podemos viver pensando que o outro não existe, não sofre, não
tem esperança. O cristianismo recorda o convite à humildade e à caridade, porque “a
nossa existência está ligada a dos outros, quer no bem quer no mal; tanto o pecado
quanto as obras de amor possuem também uma dimensão social”. E na “preocupação concreta
pelos mais pobres, cada cristão pode expressar a sua participação no único corpo que
é a Igreja”.
Na continuação da ideia de Quaresma, um percurso marcado pela
oração, partilha, silêncio, jejum, o Santo Padre, convoca todos a caminhar na santidade,
recordando os mestres espirituais que lembram que, na vida de fé, quem não avança,
recua.
A quaresma é o tempo litúrgico de conversão, que a Igreja marca para
nos preparar para a grande festa da Páscoa. É tempo para nos arrependermos dos nossos
pecados e de mudar, de sermos melhores, e assim viver plenamente a nossa fé. (SP)