Rio de Janeiro (RV) - “Levanta-te e vai, a tua fé te salvou” (Lc 17, 19): Com
essa citação de Jesus demonstrando que o sinal da cura ia mais além, o Papa Bento
XVI inicia a sua mensagem para o XX Dia Mundial do Doente, celebrado no Dia de Nossa
Senhora de Lourdes, dia 11 de fevereiro. Para nós no Brasil, esse dia se reveste
de maior solenidade ainda, pois estamos a poucos dias da abertura da Campanha da Fraternidade,
que justamente nos demonstrará um dos aspectos da importante Pastoral da Saúde, que
é a questão da saúde pública. Além das visitas aos enfermos nas paróquias e nos
hospitais, e das campanhas de esclarecimentos e de conscientização da responsabilidade
pela saúde das pessoas, a preocupação com uma assistência sanitária digna do ser humano
para todos os brasileiros clama nos corações de todos. Neste dia, unimos a nossa
reflexão para que as pessoas experimentem a diferença que faz a fé em suas vidas quando
se defrontam com a fragilidade da doença e da dor. O Papa recorda dos sacramentos
“de cura”, ou seja, o “Sacramento da Penitência ou da Reconciliação, e o Sacramento
da Unção dos Enfermos, que encontram o seu cumprimento natural na Comunhão Eucarística.” O
tema mundial escolhido visa também ao “Ano da Fé”, que deverá ser “ocasião propícia
e preciosa para redescobrir a força e a beleza da fé”. O Papa recorda que “deseja
encorajar os doentes e quantos sofrem a encontrar sempre uma âncora segura na fé,
alimentada pela escuta da Palavra de Deus, da oração pessoal e dos Sacramentos.” É
fato que a doença, e suas consequências, afetam a todos. Torna-se, assim, uma dor
comum de toda a humanidade, de todos os homens e mulheres. A doença envolve toda a
pessoa, seja no seu aspecto físico – o mais sentido, certamente, – mas também no âmbito
psicológico e mesmo espiritual. É assim um mistério que envolve o ser humano. A
Igreja louva os progressos da medicina, e mesmo os apoia, visto que são no seu cerne
uma manifestação do poder criador de Deus. Porém, sempre fazendo a ressalva de que
acima de qualquer avanço tecnológico está a dignidade do ser humano. Jesus, ao
curar, não o faz apenas e tão somente para eliminar a doença. Ele cura para libertar,
salvar a pessoa. Libertar principalmente daquilo que a impede de realizar-se como
pessoa, como filha de Deus. Assim, na cura Jesus manifesta-se como o Salvador,
o Messias. A cura das doenças por Jesus é um sinal de Sua ressurreição, que é a primícia
da nossa própria ressurreição. Portanto, seguindo os caminhos de Cristo, vencedor
do pecado e da morte, a Igreja está solidária e unida a todos os doentes. Ao celebramos
o Dia Mundial dos Enfermos no dia 11 de fevereiro, na memória da Virgem de Lourdes,
a Igreja no Brasil também quer refletir sobre a questão da Saúde Pública na Campanha
da Fraternidade 2012, e incentivar a todos para que se engajem na Pastoral da Saúde
e trabalhem em todos os seus âmbitos. Com isso, a Igreja demonstra a sua solicitude
constante para com os doentes, anunciando e testemunhando o Evangelho do sofrimento,
iluminada pela fé. Sabemos da enorme contribuição que a Igreja dá em todos os cantos
do mundo ao cuidado em relação aos enfermos. Seja no campo material com seus inúmeros
centros de assistência aos doentes: hospitais, casas de saúde, e outros, principalmente
e, sobretudo, no atendimento aos mais carentes e pobres. Fazendo eco ao Papa Bento
XVI, também agradeço “àqueles que trabalham no mundo da saúde, assim como às famílias
que nos seus próprios entes queridos veem a face sofredora do Senhor Jesus”. Em
suma, queridos diocesanos, a Igreja quer e deseja promover e testemunhar o Evangelho
de Jesus não só em palavras, mas com iniciativas concretas de assistência e cuidados
para as multidões incontáveis de sofredores com os males da dor e das doenças. Que
Nossa Senhora de Lourdes, Maria, Mãe de Misericórdia e Saúde dos Enfermos, interceda
por todos os doentes, os profissionais da saúde, os enfermeiros e os dirigentes hospitalares
a colocarem a pessoa humana e a sua dignidade de filhos de Deus acima de qualquer
outra cultura, “para que a saúde se difunda sobre a Terra” (cf. Eclo 38.8).
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Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio
de Janeiro, RJ