Roma (RV) - Uma paixão que envolve
o direito internacional. Esta é a história de Rania Ibrahim Mohammed, que vamos conhecer
agora neste espaço semanal dedicado aos Direitos Humanos:
Rania é uma mulher
curda de 30 anos, nascida em Damasco, na Síria. Como tantos outros jovens, levava
uma vida normal até se apaixonar por um rapaz alguns anos mais novo do que ela. Relacionamento
que não era aprovado por nenhuma das duas famílias. O problema foi quando Rania ficou
grávida. Segundo os costumes locais, isso não é admitido. Segundo a nossa jovem, as
mulheres na Síria vivem uma situação oprimente, a sociedade não permite a elas toda
a liberdade, são sujeitas a diversas perseguições e obstáculos. Com o risco de ser
morta pelos próprios pais, Rania decidiu abandonar o país.
Ela comprou uma
passagem, tendo a Turquia como destino final, com conexão em Roma. Assim que o avião
pousou no aeroporto Leonardo da Vinci, ela pediu asilo ao Estado italiano.
Passado
exatamente um ano, Rania se encontra agora no Centro da Cruz Vermelha para requerentes
de asilo, que fica em Castelnuovo di Porto, a 30 km ao norte de Roma.
Este
Centro recebe pessoas provenientes de todo o mundo: afegãos, curdos, congoleses e
até colombianos. A Itália concede três tipos de asilo: político, subsidiário e humanitário.
Rania obteve o subsidiário, de três anos. Enquanto isso, seu companheiro também saiu
da Síria e se encontra no mesmo Centro que ela, à espera da decisão do Estado italiano.
Hoje,
Rania tem nos braços o bebê tem oito meses e, no ventre, carrega outra criança de
três meses. A paixão deu lugar à realidade e incompreensões entre os dois começaram
a aparecer. Seu companheiro queria que ela realizasse um aborto, mas os psicólogos
do Centro da Cruz Vermelha o convenceram. Numa situação tão precária, sem expectativa,
Rania não se arrepende do que fez, principalmente diante da situação atual na Síria,
para onde ela nunca mais pretende voltar. Disse que, por amor a este homem, faria
tudo de novo. A maternidade, afirma ela, é algo sublime, apesar das dificuldades.
Olhando para o futuro, Rania é otimista e seu sonho é simplesmente conduzir uma vida
normal: ter, primeiro de tudo uma casa, e depois um trabalho e meios para educar os
seus filhos.
No Centro da Cruz Vermelha, a reportagem do Programa Brasileiro
entrevistou também uma família copta do Egito, que fugiu do país devido às perseguições
anticristãs. Mas essa história fica para o nosso próximo especial sobre os Direitos
Humanos, sexta-feira que vem.