2012-02-09 18:13:20

Mali: milhares de pessoas afetadas pelo conflito no norte do país


Genebra (RV) - Pelo menos 30 mil pessoas deslocadas pelo conflito dentro de Mali desde meados de janeiro estão vivendo em condições calamitosas. O CICV assiste milhares de pessoas nessas condições e outras 15 mil deslocadas no país vizinho, Níger. A organização também visita detidos e atende os feridos em Mali.

"Um grande número de pessoas está fugindo da violência, às pressas, em completa pobreza", disse o chefe da delegação regional do CICV para o Níger e Mali, Jürg Eglin. "Unimos forces com as Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha de Mali e do Níger para proporcionar alimentos e abrigo a essas pessoas e para melhorar seu acesso à água. As últimas avaliações realizadas por nossa equipe no norte de Mali são particularmente alarmantes".

Em Ménaka e arredores há 26 mil pessoas deslocadas e outras quatro mil nos arredores de Aguelhoc

Em Aguelhoc, 150 quilômetros a nordeste de Kidal, no norte do país, o feroz combate obrigou cerca de quatro mil pessoas a abandonares suas casas e fugirem para aldeias vizinhas, onde a maioria da população já vive em condições muito difíceis. "Algumas delas foram acolhidas por algumas famílias, mas a maioria teve de construir uma espécie de abrigo improvisado sob o sol escaldante desta região semidesértica", explicou Eglin. "Elas carecem desesperadamente de alimentos e perderam alguns animais durante a fuga".

Junto com a Cruz Vermelha de Mali, o CICV prepara para distribuir milho, arroz, óleo e sal, além de lonas, cobertores, esteiras para dormir, baldes, utensílios domésticos e artigos de higiene para as pessoas deslocadas em Aguelhoc. A Cruz Vermelha de Mali já fez uma distribuição emergencial de alimentos para 600 pessoas deslocadas cuja situação era particularmente preocupante.

Em Ménaka, na região de Gao, os confrontos fizeram com que quase 26 mil pessoas abandonassem suas casas em busca de segurança, tanto dentro como fora da cidade, segundo as estimativas do CICV e da Cruz Vermelha de Mali.

O CICV também está avaliando a situação em Tessalit, região de Kidal, e em Léré e Niafunké, na região de Timbuktu, que também foi afetada pelo conflito no norte de Mali. Segundo fontes locais, cerca de 20 mil pessoas ainda podem estar deslocadas nessas áreas.

"O objetivo agora é levar assistência de forma adequada às pessoas deslocadas o quanto antes", disse Eglin. "Temos de lidar com vastas distâncias e o clima árido, além das limitações relacionadas com a segurança".

Visita aos detidos e assistência aos feridos

No dia 5 de fevereiro, o CICV visitou 13 oficiais do exército malinês detidos por um grupo armado no norte de Mali para verificar o tratamento que estão recebendo e as condições em que estão sendo mantidos. Os detidos tiveram a oportunidade de escrever mensagens para suas famílias.

"Continuaremos com nosso diálogo com todas as pessoas envolvidas com o objetivo de obter acesso a todas as pessoas detidas", disse Eglin. "Este diálogo continuo é também essencial para a segurança de nosso pessoal".

Água, alimentos e abrigo para as pessoas que fugiram para o Níger

O conflito que ocorre em Ménaka e Andéramboukane também fez com que mais de 15 mil pessoas de Mali e do Níger buscassem refúgio no Níger, na região norte de Tillabéry, próxima à fronteira com Mali. Em cooperação com a Cruz Vermelha do Níger, o CICV distribuiu alimentos e outros artigos essenciais na área e trabalha para melhorar o acesso à água.

As consequências humanitárias da violência no norte de Mali levam ao limite uma parte do Sahel, atingida por recorrentes secas e crises alimentares. Diversos governos e determinadas organizações humanitárias já alertaram sobre o perigo de uma grande crise de alimentos e de forragem para o gado em 2012, consequência da perda de colheitas e de áreas pastagem após a fraca temporada de chuvas.







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