Dom Murilo Krieger: "Amigos, desarmem seus corações"
Salvador (RV) - A arquidiocese de Salvador (BA) emitiu quarta-feira, 7, uma
nota sobre a greve dos policiais militares do estado da Bahia. O arcebispo metropolitano,
Dom Murilo Krieger, participou como intermediador das negociações entre grevistas
e governo do estado.
Dom Murilo falou de seu papel como intermediador e lançou
também um apelo, convidando todos - Governo, associações de militares, homens e mulheres
de boa vontade – para, juntos, construir a paz - disse o Primaz do Brasil.
Leia
a íntegra da mensagem de Dom Murilo Krieger, arcebispo de Salvador:
Nota oficial
da arquidiocese de Salvador da Bahia sobre a greve de parte dos policiais militares
do estado.
Diante dos tristes acontecimentos dos últimos dias, que tiraram
a paz da cidade de Salvador e do Estado da Bahia, senti-me na obrigação de colocar-me
à disposição tanto do Governo do Estado como das entidades representativas das diversas
associações que congregam militares da Polícia Militar para, pelo diálogo, se conseguir
a conciliação.
Aceita minha mediação, coloquei minha casa à disposição
de todos para os encontros que, em horas assim, se fazem necessários. Minha oferta
foi acolhida e, praticamente ao longo de vinte e quatro horas, ali estive reunido
com tais representantes. Como mediador, não me cabe falar do resultado das negociações.
O que posso lhes assegurar é que não me alinhei com nenhuma das partes, porque meu
compromisso era e é com o povo da Bahia.
A Bahia quer paz; a Bahia precisa
de paz; a Bahia tem direito de ter paz. Por isso, venho agora conclamar todos - isto
é, Governo, associações de militares, homens e mulheres de boa vontade – para, juntos,
construirmos a paz. A paz é um dom de Deus e, por isso, devemos pedi-la; mas a paz
é, também, fruto de nosso trabalho. Foi isso que afirmou Jesus no Sermão da Montanha:
“Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).
Em
vista do retorno à vida normal em nossas cidades, peço a você, meu amigo, minha amiga:
desarme seu coração. Quem exige um desarmamento total, e não só dos corações, é o
bem comum, é o bem da sociedade baiana. Nestes meus dez meses de Bahia, descobri que
o povo baiano é acolhedor, é trabalhador e festivo; é um povo pacífico por natureza.
Esse povo merece o melhor de nossos esforços e toda a nossa dedicação. Na luta pela
paz não há vencidos nem vencedores: há irmãos e irmãs que merecem o respeito de todos. Peçamos
a Jesus Cristo, o Príncipe da Paz, que derrame sobre nós a sua paz; que ele nos dê
o dom da sabedoria, para escolhermos o bem; e que nos dê a capacidade de, juntos,
construirmos a paz.
Salvador, 7 de fevereiro de 2012. Dom Murilo
S. R. Krieger, scj Arcebispo de São Salvador da Bahia / Primaz do Brasil