Bento XVI: "Nossa preocupação fundamental deve ser a cura das vítimas dos abusos sexuais"
Roma (RV) - "Apreocupação fundamental na comunidade cristã deve ser
a cura das vítimas dos abusos sexuais cometidos no âmbito da Igreja e uma profunda
renovação da própria Igreja em todos os níveis." Este é o desejo expresso pelo Papa
Bento XVI na mensagem assinada pelo Secretário de Estado, Cardeal Tarcisio Bertone,
enviada aos participantes do Simpósio “Rumo à cura e à renovação”, organizado em Roma
pela Universidade Gregoriana. Os trabalhos foram abertos na tarde desta segunda-feira
pelo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal William Levada, que falou
sobre as prioridades da Igreja em erradicar e prevenir o flagelo do abuso sexual de
menores em toda a sociedade.
A atenção prioritária do Pontífice é mais uma
vez dirigida à assistência para as vítimas de abusos sexuais por parte de membros
do clero. O Papa – lê-se na mensagem assinada pelo Cardeal Bertone -, exorta os participantes
a “promoverem em toda a Igreja uma cultura forte de tutela e de apoio às vítimas".
E partiu exatamente deste contexto o discurso de abertura dos trabalhos pronunciado
pelo Cardeal William Levada. De suma importância para o purpurado, no longo caminho
rumo a uma “renovada esperança”, é a atenção que a Igreja deve reservar às vítimas
dos abusos, a partir da capacidade de escutar e reconhecer – como já fez Bento XVI
no dia 19 de março de 2010, dirigindo-se às vítimas irlandesas – a grande traição
que sofreram. Ao mesmo tempo, a missão da Igreja deve se concentrar na prevenção.
Um âmbito no qual não basta que a Igreja crie um ambiente seguro para as crianças,
devendo também investir recursos na formação dos sacerdotes e no discernimento das
vocações.
Entre as muitas obrigações que cabem às autoridades eclesiásticas
no prevenir, reprimir e punir os abusos – sublinhou o Cardeal Levada –, é evidente
a obrigação de colaborar plenamente com a autoridade judiciária na denúncia dos abusos
sexuais.
A finalidade do Simpósio, que reúne os delegados de 110 Conferências
Episcopais e muitos responsáveis pela liderança da Igreja em todo o mundo, é ajudar
os bispos a elaborarem diretrizes sobre a gestão das acusações de abusos. Todos, indistintamente
– recordou o Cardeal Levada – devem colaborar para atingir essa meta, como estabelecido
na Carta Circular da Congregação enviada em maio de 2011 a todas as Conferências Episcopais.
O
Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé destacou que o seu dicastério, também
“sob a constante orientação do então Cardeal Joseph Ratzinger”, assistiu a “um dramático
aumento” do número de casos criminosos de abusos sexuais contra menores por parte
de clérigos”.
Nos últimos dez anos, chegaram até a Congregação vaticana mais
de 4 mil casos de abusos sexuais contra menores. Esses casos “revelaram, por um lado,
uma resposta inadequada do Código de Direito Canônico a esta tragédia e, por outro,
a necessidade de uma resposta mais abrangente”.
Em suas palavras, o Cardeal
Levada esclareceu que existe o máximo empenho por parte do Papa, da Santa Sé e das
Conferências Episcopais para “encontrar as melhores maneiras para ajudar as vítimas,
proteger os menores e formar os sacerdotes de hoje e de amanhã para que estejam conscientes
desta chaga e que a mesma seja eliminada do sacerdócio”. (SP)