Nova Evangelização e "Evangelii Nuntiandi": a Igreja inteira chamada a evangelizar
Cidade do
Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, voltamos ao nosso encontro semanal dedicado à nova
evangelização, recordando que a mesma estará no centro do próximo Sínodo dos Bispos,
a realizar-se no Vaticano em outubro deste ano com o tema "A nova evangelização para
a transmissão da fé cristã".
Em vista deste grande evento para a Igreja no
mundo inteiro e em preparação para as reflexões, debates e discussões dos padres sinodais
estamos fazendo uma revisitação a alguns documentos magisteriais pertinentes à missionariedade,
recorrendo assim ao rico patrimônio de que dispomos para haurir daí aqueles elementos
basilares para uma abordagem nova à evangelização.
Nesse sentido, estamos revisitando
a "Evangelii Nuntiandi", Exortação Apostólica de 1975, do Papa Paulo VI, documento
que conferiu um notável dinamismo à ação evangelizadora da Igreja nas décadas seguintes,
acompanhada por uma autêntica promoção humana.
Na edição passada trouxemos
o nº 56 do documento, número este no qual o Papa Montini fala da categoria dos não
praticantes – categoria esta a ser evangelizada – e do problema do abandono da prática
religiosa.
Prosseguimos, nesta edição, revisitando o número 57, que trata da
evangelização no coração das massas. Diz o texto:
No coração das massas
57
"Como Cristo durante o tempo da sua pregação, como os doze na manhã do Pentecostes,
também a Igreja vê diante dela uma imensa multidão humana que precisa do Evangelho
e a ele tem direito, uma vez que Deus "quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento
da verdade".(79) Consciente do seu dever de pregar a todos a salvação e
sabendo que a mensagem evangélica não é reservada a um pequeno grupo de iniciados,
de privilegiados ou de eleitos, mas destinada a todos, a Igreja assume como sua própria
a angústia de Cristo diante das multidões errantes e prostradas "como ovelhas sem
pastor" e repete muitas vezes a sua mesma palavra: "Tenho compaixão desta multidão".(90)
Mas a Igreja, entretanto, também está consciente de que, para a eficácia da pregação
evangélica no coração das massas, ela deve dirigir a sua mensagem a comunidades de
fiéis cuja ação, por sua vez, pode e deve ir atingir outros."
Amigo ouvinte,
com o nº 57 concluímos nossa revisitação ao capítulo V da "Evangelii Nuntiandi", passando
imediatamente ao capítulo seguinte. O capítulo VI é intitulado "Os obreiros da evangelização"
Hoje
vamos nos ater apenas ao nº 59, com o qual se inicia o penúltimo capítulo da Exortação
Apostólica. O nº 59 tem como título "A Igreja toda missionária". Diz o texto:
59
"Se há homens que proclamam no mundo o Evangelho da salvação, fazem-no por ordem,
em nome e com a graça de Cristo Salvador. "E como podem pregar, se não forem enviados?
(81)escrevia aquele que foi, sem dúvida alguma, um dos maiores evangelizadores. Ninguém,
pois, pode fazer isso se não for enviado. (alusão ao Apóstolo Paulo) Mas,
então quem é que tem a missão de evangelizar? O Concílio Ecumênico Vaticano II respondeu
claramente a esta pergunta: "Por mandato divino, incumbe à Igreja o dever de ir por
todo o mundo e pregar o Evangelho a toda a criatura", (82) E noutro texto o mesmo
Concílio diz ainda: "Toda a Igreja é missionária, a obra da evangelização é um dever
fundamental do povo de Deus".(83) Já recordamos esta ligação íntima entre
a Igreja e a evangelização. Quando a Igreja anuncia o reino de Deus e o edifica, insere-se
a si própria no âmago do mundo, como sinal e instrumento desse reino que já é e que
já vem. O mesmo Concílio referiu com justeza, as palavras bem significativas de Santo
Agostinho, sobre a ação missionária dos doze: "pregaram a palavra da verdade e geraram
as Igrejas".(84)"
De fato, a Exortação afirma logo que é a Igreja toda
a evangelizar. Na época se falava em traduzir a fé na cultura local, sem corrompê-la.
A expressão "traduzir a fé" era comum naquele tempo. Hoje não se fala mais em traduzir,
mas inculturar. Traduzir é limitante, porque indica uma evangelização unilateral,
dedutiva da fé: o evangelizador europeu traduzia essa fé para outros países.
Já
a inculturação trata também de entrar nessa cultura e enriquecer-se com os valores
que ela possui.
Amigo ouvinte, por hoje é só! Semana que vem tem mais, se Deus
quiser... (RL)