Cidade do Vaticano (RV) - A pergunta de Jesus de Nazaré "Vós, quem dizeis que
eu sou?" ressoa também em nosso tempo. Também hoje, Cristo é portador de luz e de
esperança para a humanidade. Esse é o tema de fundo que norteará o Simpósio internacional
"Jesus nosso contemporâneo", promovido pelo Comitê para o Projeto Cultural da Conferência
Episcopal italiana (CEI).
O Simpósio, que se realizará em Roma de 9 a 11 do
corrente, foi apresentado nesta sexta-feira em coletiva de imprensa no Capitólio –
sede da Prefeitura de Roma.
Mas qual a diferença entre o Jesus da história
e o Cristo da Fé? Foi o que a Rádio Vaticano perguntou ao Presidente do Comitê da
CEI, Cardeal Camillo Ruini. Eis o que disse:
Cardeal Camillo Ruini:-
"Trata-se sempre do mesmo Jesus. Os dois modos de estudá-lo podem ser diferentes,
ou seja, o da teologia e o das ciências históricas, mas a realidade de Jesus é certamente
sempre a mesma."
RV: O que Jesus trouxe ao mundo, se falta a paz e o bem-estar
para todos e nos encontramos em tempos de crise?
Cardeal Camillo Ruini:-
"Não devemos pensar que os tempos de crise são aqueles em que o Senhor mais está longe
de nós. Em todo caso, o nosso Papa Bento XVI deu uma resposta muito precisa a essa
pergunta, dizendo que Jesus trouxe Deus. E mostrou-nos também qual é a atitude de
Deus em relação a nós: um Pai Santo, mas também misericordioso, que nos ama até o
ponto de oferecer seu Filho por nós."
RV: Hoje, que esperança Jesus pode
representar para os homens que vivem diariamente uma vida comumente difícil?
Cardeal
Camillo Ruini:- "Uma primeira esperança é não limitar o horizonte da nossa vida
ao aspecto terreno. A Ressurreição de Jesus permanece sendo o grande sinal, é uma
perspectiva que vai além, uma perspectiva à qual se pode alcançar somente mediante
a fé. Depois, há uma resposta histórica: creio que a experiência mostre como, quando
os ensinamentos de Jesus são colocados em prática, a vida melhora."
RV:
Por que a experiência cristã parece não ser acolhida por quem tem responsabilidade
pelo bem comum, os políticos, por exemplo?
Cardeal Camillo Ruini:-
"A esperança cristã não pode tornar-se um imediato programa político. Porém, creio
que eles mesmos, os políticos, devam esforçar-se mais para buscar estabelecer as grandes
linhas da vida pública e da vida social sobre o seguinte conceito de fundo: os homens
são feitos para cooperar entre si, para ajudar-se e não somente para competir."
RV:
Qual é a relação existente, hoje, entre Cristo e a Igreja?
Cardeal Camillo
Ruini:- "A Igreja é o Corpo de Cristo. Certamente, não é o próprio Cristo, todavia,
está intimamente ligada a Ele. A Igreja é feita de homens e sabemos que os homens
cometem muitos pecados, têm limites, múltiplas inadequações e infidelidades. O fiel,
porém, deve saber ver dentro dessa Igreja concreta feita de homens, o seu núcleo central:
o próprio Cristo. É o espírito de Cristo que santifica a esposa de Cristo, isto é,
a Igreja."
RV: Qual é a finalidade última do Simpósio do Projeto Cultural
sobre Jesus contemporâneo?
Cardeal Camillo Ruini:- "Dois anos atrás
organizamos um simpósio sobre Deus: "Deus hoje, com Ele ou sem ele, tudo muda". Agora,
fazemos um simpósio sobre Jesus Cristo, simpósio este que está intimamente ligado
ao primeiro, para completar, portanto, o discurso iniciado dois anos atrás. Ademais,
queremos ressaltar que Jesus é nosso contemporâneo. Isso significa está hoje presente,
vive e age em nós. A sua história e a sua vicissitude têm uma eficácia histórica no
momento atual, não por motivos simplesmente humanos, mas porque é o Filho de Deus,
porque ressuscitou." (RL)