Na audiência, Papa fala da oração de Jesus no Getsêmani
Cidade do Vaticano (RV) - Nesta chuvosa quarta-feira invernal, a audiência
geral do Papa aos peregrinos, fiéis e turistas se realizou na Sala Paulo VI, dentro
do Estado do Vaticano. A sala pode abrigar até 6 mil pessoas.
A catequese de
Bento XVI verteu sobre a oração, tema que vem abordando há algumas semanas. O Papa
falou sobre a oração de Jesus no Getsêmani, quando, acompanhado por três de seus discípulos
e sentindo a proximidade de sua morte, rezou intimamente ao Pai.
O Papa explicou
que através de gestos e palavras e vivendo plenamente um desígnio de amor, Jesus assumiu
sobre si todas as aflições da humanidade, dúvidas e súplicas da história da Salvação.
Viveu a angústia e o medo diante da morte, agitado pelo mal que devia carregar
consigo, mas confiou no Pai. Jesus se abandonou totalmente, apresentou-lhe suas angústias
ao Senhor, que as acolheu e o ouviu, ressuscitando-o dos mortos.
A partir
daquele episódio, Bento XVI convidou todos a expormos a Deus nossas fadigas, sofrimentos
e esforços do cotidiano para segui-lo: “Supliquemos ao Senhor que nos faça sentir
sua proximidade e nos doe sua luz. Confiemos em sua Providência divina para conformar
sua vontade à nossa, repetindo a cada dia o “sim” de Jesus, o “sim” de Maria.
Após
a catequese, proferida em italiano, o Papa fez sínteses de seu discurso em várias
línguas. Em polonês, afirmou que as principais testemunhas desta dedicação ao Senhor
são as pessoas consagradas. Amanhã – recordou Bento XVI – celebra-se o seu Dia, e
pedimos a Deus que com a força do Espírito Santo, as reforce no caminho do cumprimento
de sua vontade.
Em seguida, o Papa saudou os diversos grupos de estudantes,
paróquias, movimentos, além dos muitos turistas presentes na audiência. Em português,
estas foram as suas palavras:
“Queridos irmãos e irmãs, Depois
da Última Ceia, Jesus vai para o Monte das Oliveiras. Como em outras passagens do
Evangelho, dispõe-Se a fazer a sua oração, mas, desta vez, não quer estar sozinho.
Na iminência da sua Paixão, experimenta medo e angústia, recapitulando em Si todo
o pavor que o homem sente diante da própria morte. Então convida Pedro, Tiago e João
a velar com Ele. É um convite feito a todo o discípulo para que O siga pelo caminho
da cruz.
A oração de Jesus no Jardim do Getsêmani e as últimas palavras
d’Ele na Cruz revelam a profundidade da sua oração filial: Jesus realiza plenamente
o desígnio de amor do Pai e toma sobre Si todas as angústias da humanidade, as dúvidas
e intercessões da história da salvação. Ele apresenta-as ao Pai, que as acolhe e escuta
para além do que ousamos esperar, ressuscitando-O dos mortos. Ao aceitar a vontade
do Pai, Jesus nos ensina que é cumprindo a vontade de Deus que fazemos da terra o
Céu: como naquela noite do Getsêmani quando a “terra” da vontade humana de Jesus,
abalada pelo medo e angústia, foi assumida pela vontade divina, e assim a vontade
de Deus se realizou na terra.
Amados peregrinos de língua portuguesa,
a todos dou as boas-vindas, pedindo a Deus que vos encha de esperança e conceda a
luz para descobrir a sua vontade sobre a vossa vida e fazer dela o ponto de referimento
diário do vosso querer e do vosso ser. E que as Suas Bênçãos sempre vos acompanhem.
Ide em paz!”
No final do encontro, de modo informal, o Pontífice saudou
os fiéis italianos, que são sempre a maioria em meio ao público, destacando a personalidade
de São João Bosco, recordado ontem pela Igreja. “Ele nos faz considerar a importância
de educar as novas gerações aos autênticos valores humanos e espirituais da vida”
– disse Bento XVI, invocando para todos a proteção do Santo da juventude para que
lhes ofereça sempre educadores sábios e guias seguros. (CM)