Mexicanos aguardam com entusiamo visita de Bento XVI
Cidade do Vaticano (RV) – Entusiasmo e até "euforia": Assim, o Embaixador do
México junto à Santa Sé, Héctor F. Ling Altamirano, comenta para Rádio Vaticano a
expectativa dos fiéis para a visita de Bento XVI ao país, de 23 a 26 de março.
Héctor
Altamirano:- Pelas informações que recebi, posso dizer que com a confirmação da
viagem e do local, o Estado de Guanajuato, o entusiasmo cresceu, por assim dizer,
em círculos concêntricos, e a expectativa se tornou nacional e envolve todo o país.
Tenho notícias de pessoas e grupos dispostos a viajar mais de dois mil quilômetros,
de Tijuana ou Merida por exemplo, para ver e ouvir o Papa em Guanajuato. Os próprios
habitantes desse Estado estão entusiasmados e eufóricos. As pessoas esperam dos organizadores
saber como, quando e onde será possível ouvir e ver o Santo Padre. Este tipo di Cristianismo,
fortemente mariano e profundamente respeitoso do Papa, do Sucessor de Pedro, é uma
grande força para o México, que, como tantas outras nações, enfrenta sérios problemas
como a crise econômica e a violência.
RV:- Sobre a violência, que tipo
de ajuda o Papa poderá oferecer a respeito. O que esperam de Bento XVI?
Héctor
Altamirano:- Na minha opinião, esperam que o Santo Padre traduza em palavras essa
esperança em suas mensagens. O que conta para nós é a sua proximidade espiritual e
física, a sua indiscutível autoridade moral, reconhecida por todos nós, em especial
pelos 87 milhões de católicos, 83% da população segundo os últimos dados disponíveis.
O Papa é uma esperança a não derramar mais lágrimas, mas a nos empenhar para superar
os desafios, como já aconteceu em outros momentos difíceis da vida do nosso país.
RV:- Vale a pena recordar que a posição geográfica do México o transformou
num "corredor", atravessado de Norte a Sul por ondas de violência… Compartilha essas
afirmações?
Héctor Altamirano:- Não é exatamente assim, mesmo que se
trate de uma parte problema. É difícil ter relações com o Norte quando existe entre
nós um muro de aço de três mil quilômetros de extensão para impedir os fluxos migratórios
do México aos Estados Unidos. De um lado, eles precisam da mão-de-obra mexicana e,
de outro, encorajam a imigração clandestina. Deve-se acrescentar que este muro tem
muitas frestas, porque através dele passam armas para o crime organizado. Há também
o consumo de droga além das nossas fronteiras.
RV:- Droga que vem em
boa parte do sul do Continente...
Héctor Altamirano:- Exatamente assim.
E o México, que era um país de "passagem" do tráfico de droga, agora deve fazer as
contas com as medidas de controle adotadas pelos Estados Unidos, nos aeroportos, nas
alfândegas e nas fronteiras. O narcotráfico, portanto, encontra dificuldades para
passar além da fronteira e acaba ficando no país, o que provocou um aumento no consumo
de droga. Neste contexto, logo se instalou a microcriminalidade para satisfazer o
consumo pessoal, o recrutamento de traficantes em todos os âmbitos sociais, não somente
de pessoas pouco instruídas, mas também de pessoas com títulos de estudo. Além disso,
no México, cresceu também a produção de droga, e isso agrava o problema, pois o desemprego
facilita a ação do crime organizado. Por fim, a onda migratória oriunda da América
Central: milhares de hondurenhos, salvadorenhos que tentam chegar aos Estados Unidos
e acabam ficando no país. Trata-se de elementos complexos e delicados de uma situação
difícil de administrar. (BF)