2012-01-31 15:11:04

Bispos da África Ocidental: promover a justiça e paz para o bem do continente



(31/1/2012) Cerca de 150 bispos da África Ocidental estiveram reunidos em assembleia plenária, em Yamoussoucro, Costa do Marfim, de 23 a 29 de Janeiro. O tema do encontro que inaugurava a criação da nova Conferência Episcopal Regional da África Ocidental, foi “A Igreja, Família de Deus na África Ocidental ao serviço da Reconciliação, da Justiça e da Paz”.
No final do encontro os bispos emitiram um comunicado de imprensa intitulado “O Nosso Destino Comum”.
Nele frisam que, seguindo as recomendações do I Sínodos dos bispos para a África (1994) e convencidos da necessidade duma maior integração regional e duma solidariedade pastoral orgânica que vá para além das barreiras linguísticas, os bispos da África Ocidental decidiram unificar as duas conferências regionais antes existentes (anglófona e francófona/lusófona) formando uma só, denominada em inglês RECOWA e em francês/português, CEREAO. Este organismo – lê-se no comunicado - está melhor posicionado para relevar os desafios pastorais, sociais, políticos e económicos da África Ocidental. Com efeito, os bispos afirmam com força a origem e destino comum dos povos da região, assim como a solidariedade entre elas, pois que, não obstante as diferenças, pelo baptismo tornaram-se todos filhos de Deus.

A reflexão sobre esta origem comum – referem no comunicado – é crucial para a promoção da boa governação, do sentido do bem comum, da subsidiariedade e da colaboração, factores-chave da nossa missão em relação aos povos da região. Esses factores-chave – insistem – ficaram bem patentes no nosso plano de acção aprovado pela Assembleia plenária. A RECOWA-CEREAO está, portanto, determinada a ultrapassar todas as formas de divisão e os obstáculos tanto na Igreja como na sociedade. Objectivo que deve ser atingido mediante a prática concreta da solidariedade e da pastoral orgânica promovidas pelo primeiro Sínodo dos Bispos para a África.

Um dos objectivos principais da Igreja Família de Deus na região é pôr em prática, antes de mais no seu próprio seio as propostas das exortações pós-sinodais “Verbum Domini” e “Africae Munus”, a favor duma África mais reconciliada, justa e pacificada. Nesta ordem de ideias, a RECOWA-CEREAO está pronta a promover agentes pastorais mais convictos e empenhados e para isso já tem um programa temático e pedagógico de ensinamento social a nível da família, dos seminários, das escolas, universidades, comunidades cristãs, mas também junto de empresários e homens políticos. Comissões já foram criadas com a tarefa de preparar módulos de formação.

Mas esta acção deve ir também para fora da Igreja, instaurando um dialogo sobre a Doutrina Social da Igreja com outros cristãos, muçulmanos e adeptos da Religião Tradicional Africana.

Os bispos dizem-se tristes pela falta de bons líderes na maior parte dos países da região, frisando que a falta de justiça na governação – como aliás faz notar “Africae Munus” – está na base de conflitos em diversos países da região. Nesta ordem de ideias louvam as iniciativas da CEDEAO para a promoção de bons líderes e a afirmação das democracias nascentes e pedem aos dirigentes para a fazerem da sua função um serviço e não uma ocasião para fazer uso brutal força, do egoísmo desenfreado e da corrupção.

Os bispos mostram-se também extremamente preocupados com o a insegurança nos Estados da região, causada pelo aumento da criminalidade e da violação dos direitos humanos, circulação de armas ligeiras, raptos, atentados e outros actos terroristas,. Dizem-se consternados com a negligência de certos funcionários das Alfândegas que levam à penetração de armas e drogas através das fronteiras. Por isso, apelam a todas as autoridades competentes a fim de controlar o acesso de armas.

Embora reconhecendo os esforços da CEDEAO no sentido de melhorar os movimentos nas fronteiras, os bispos exortam os governos a fazer aplicar as leis sobre a circulação ilegal de armas e drogas. Isto facilitará a integração regional reclamada pelos participantes na Assembleia.

Os bispos dirigem depois a palavra aos jovens da região da África Ocidental, reconhecendo antes de mais os seus problemas (desemprego, falta de meios de subsistência e de oportunidades) mas exortando-os a permanecer fieis e respeitosos das leis e não a enveredar pela criminalidade. Aos jovens católicos lançam um convite a participar activamente nos movimentos religiosos como forma de cultivar as profundas virtudes cívicas e de aprofundar as relações com Cristo.

Falando depois da recrudescência do fundamentalismo religioso e dos efeitos nefastos que isto está a ter para as populações, a CEREAO exorta os chefes religiosos (cristãos, muçulmanos ou adeptos da Rel. Trad. Africana) a condenarem, sem meios termos,o uso da religião para favorecer o fanatismo e exclusivismo e a rejeitar todas as formas de actividade terroristas, perpetradas em nome da religião.

Finalmente o Comunicado recorda os membros eleitos da Direcção da Conferência Episcopal Regional da África Ocidental. Presidente: o Cardeal Sarr, arcebispo de Dakar; vice-presidentes: D. Ignatius Kaigama (arcebispo de Jos, Nigéria) e D. José Câmnate, bispo de Bissau; enquanto que o P. Octavios Moo, do Gana é secretário geral e primeiro secretário adjunto, o P. Joseph Kacou, de Grand Bassam, Costa do Marfim.








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