2012-01-30 12:18:55

Paraguai: Igreja pede fim da tensão com os "brasiguaios"


Assunção (RV) - A Conferência Episcopal Paraguaia (CEP) declara-se preocupada com a situação de tensão, conflito e violência no Alto Paraná, onde O governo paraguaio iniciou este mês a demarcação de terras no país.

A medida irá atingir diretamente os brasileiros, chamados brasiguaios, que temem perder a possa das áreas que compraram e onde investiram durante vários anos. O local do conflito fica na região do estado de Alto Paraná, a menos de cem quilômetros da fronteira com o Brasil, onde vivem quase 250 mil produtores, a maioria que migrou do Brasil para o país vizinho.

Dias atrás, houve confronto no município de Santa Rosa del Monday. Imagens feitas pelos agricultores mostram homens armados com foices e facões cercando carros das famílias de produtores. Os poucos policiais paraguaios que fazem a segurança da área não conseguem impedir os manifestantes.

Segunda-feira passada, uma comissão de senadores, deputados e governadores paraguaios se reuniu com cerca de dois mil produtores brasileiros em Santa Rosa del Monday. Em Brasília, uma comissão formada por quatro produtores brasiguaios estive no Senado, no Ministério das Relações Exteriores e na Casa Civil para pedir a ajuda do governo brasileiro para evitar um conflito maior nas lavouras em terras paraguaias.

Em nota, os bispos paraguaios afirmam que o problema da terra e a necessidade de uma Reforma Agrária são antigos no Paraguai e, até o momento, não há respostas satisfatórias por parte das instituições responsáveis.

A busca e a edificação do bem comum é responsabilidade de todas as pessoas, afirma a Conferência Episcopal, porém, é sobretudo competência do Estado, porque o bem comum é a razão de ser da autoridade política.

"Deus criou a terra e tudo o que nela contém para o uso de todos os homens deve chegar a todos de forma equitativa. A propriedade privada não é um direito absoluto. Está subordinada ao uso comum", recordam os bispos, citando a Doutrina Social da Igreja.

É necessário e urgente que os poderes públicos assumam sua responsabilidade em ordenar o caos existente sobre a manutenção e a propriedade da terra no país. A Igreja sugere a elaboração de um cadastro nacional de terras, que possibilitará uma adequada titulação das propriedades.

Além disso, os bispos pedem a promoção de uma política de Desenvolvimento Rural Integral, que requer apoio técnico, creditício, infraestrutura, saúde, educação, fontes de trabalho e industrialização da agricultura, para possibilitar a fixação das famílias rurais.

"Estamos conscientes de que o problema é complexo e a solução requer a ação coordenada dos Poderes do Estado para alcançar o bem comum, e construir um Estado Social de Direito, tal como prescreve a Constituição Nacional. A paz é sempre fruto do diálogo, da justiça, da equidade e do desenvolvimento integral como oportunidade para todos os habitantes da nação", conclui a nota da CEP.

(BF)







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