Especial Saúde: os avanços na luta contra a Aids na América Latina
Cidade do Vaticano
(RV) – Mais de um milhão e meio de pessoas convivem com o vírus HIV na América
Latina e no Caribe. Apesar da região não estar entre as que têm maiores taxas de contágio,
o número de pessoas em risco é considerável.
Brasil e México têm a maior população
convivendo com o vírus. Os dois países mantêm políticas que oferecem gratuitamente
o tratamento com antirretrovirais.
César Nuñes é o responsável regional do
programa ONUAIDS. Desde Genebra, na Suíça, onde fica a sede da agência, ele falou
com a imprensa sobre a situação da epidemia na América Latina e no Caribe.
“Nós
estamos encorajando principalmente os jovens a fazerem parte da “revolução da prevenção”
convocada em 2011. A região também se vinculou ao movimento de acesso universal (aos
antirretrovirais) e tivemos, ainda, uma ativa participação no encontro de alto nível
que aconteceu nas Nações Unidas no ano passado com a presença de Brasil e México dentro
da comissão preparatória”.
As relações sexuais desprotegidas continuam a ser
a principal via de transmissão do vírus na América Latina e no Caribe. O combate
ao estigma e à discriminação é uma das lutas do escritório regional da ONUAIDS para
a região. Nuñes destacou os progressos obtidos nesse campo de atuação.
“Começamos
a fazer um trabalho muito importante com a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos
e com a Organização dos Estados Americanos, a OEA, que anunciou a criação de uma agência
que receberá denúncias e queixas sobre a violação dos direitos humanos dos portadores
de HIV”.
O diretor regional relatou ainda o sucesso das estratégias de combate
entre jovens e prostitutas apesar das particularidades de cada país. Mesmo assim,
destacou o acesso às terapias com antirretrovirais.
“Este é um dos grandes
êxitos da região. Por meio de um relatório publicado em 2010 soubemos que a assistência
com antirretrovirais chega a 64% dos portadores. Essa é uma média, portanto, provavelmente
teremos uma cobertura muito alta no Brasil, México, Argentina, Uruguai e Chile. Realidade
que não se repete na Bolívia ou na América Central, na Nicarágua, Honduras e Guatemala.
No
ano passado, em alguns países, a disponibilidade destes medicamentos foi afetada por
um desabastecimento, explicou Nuñez.
“Esta situação nos preocupa e trabalhamos
com os programas nacionais e nossos colegas na Organização Pan-americana para a Saúde,
OPS, para soluciona-la. Não foi por falta de verbas que isso aconteceu e sim em razão
de causas meramente administrativas, por falta de planejamento. Isso aconteceu no
ano passado em países como Equador, Chile, Colômbia e México onde houve desabastecimento”.
O
diretor regional da ONUAIDS destacou também os avanços na eliminação da transmissão
mãe-filho que já atinge níveis de 59%. Além disso, disse ainda que o trabalho junto
com a OPS e UNICEF para atingir a meta a qual se propuseram os governos de eliminar
essa forma de transmissão até 2015.