Cardeal Koch: ecumenismo precisa da oração para não peder sua alma
Cidade do Vaticano (RV) - A Semana de oração pela unidade dos cristãos concluiu-se
na tarde desta quarta-feira, na Basílica romana de São Paulo Fora dos Muros, com a
solene celebração das Segundas Vésperas, presididas por Bento XVI, na festa da Conversão
de São Paulo. Tratou-se de um evento tradicional de grande relevância ecumênica, que
teve a participação de delegações de numerosas Igrejas ortodoxas e comunidades protestantes.
Recordamos
que a Igreja no Brasil realiza a Semana de oração pela unidade dos cristãos entre
o Domingo da Ascensão e o Domingo de Pentecostes, a ser celebrada, este ano, de 20
a 27 de maio.
Sobre essa semana de oração e sobre o estado das relações ecumênicas,
a Rádio Vaticano entrevistou o Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da
Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch. Eis o que disse:
Cardeal Kurt Koch:-
"A Semana de oração pela unidade dos cristãos está na origem do movimento ecumênico:
desde o início foi aprovada e apoiada pelos papas, a começar por Leão XIII e Bento
XV. Não podemos e não devemos esquecer este início do movimento ecumênico e ele deve
acompanhar-nos sempre, porque o fundamento do ecumenismo é a oração pela unidade.
O Concílio Vaticano II fala da alma do movimento ecumênico: se o movimento ecumênico
não quiser perder a sua alma, deve sempre encontrar-se na oração. Com a oração deixamos
claro que não somos nós, seres humanos, que criamos a unidade; nem mesmo somos capazes
de prever "como" será a unidade nem "quando" ela se tornará realidade. Mas devemos
fazer tudo aquilo que estiver ao nosso alcance para estarmos abertos ao Espírito Santo,
porque é Ele que quer essa unidade e Ele nos concederá."
RV: Quais são hoje
os desafios que o ecumenismo deve enfrentar?
Cardeal Kurt Koch:-
"Nos últimos anos perdemos um pouco de vista o objetivo do movimento ecumênico. As
Igrejas e as comunidades eclesiais não buscam mais a mesma meta: creio que hoje seja
necessário voltar a refletir e a perguntar-se, novamente, quais são realmente os objetivos.
Para nós católicos, bem como para os ortodoxos, o fim último é a plena unidade na
fé, nos Sacramentos e nos ministérios da Igreja. A unidade é uma exigência do coração
do Senhor: Ele rezou a fim de que todos sejam um para que o mundo creia. Esse é o
motivo pelo qual o ecumenismo não tem alternativa."
RV: Nestes dias o Papa
ressaltou, reiteradas vezes, a importância dessa Semana de oração pela unidade dos
cristãos...
Cardeal Kurt Koch:- "O Santo Padre se posicionou, a
esse propósito, de modo muito claro: quarta-feira passada, por ocasião da audiência
geral que dedicou inteiramente a esse tema, e domingo passado no Angelus, quando
retomou o tema da Semana de oração deste ano, e disse que nós todos seremos transformados
na vitória de Jesus Cristo, nosso Senhor, ressaltando com ênfase que conseguiremos
prosseguir no ecumenismo, no caminho rumo à unidade, somente se estivermos prontos
a deixar-nos transformar continuamente. Trata-se, portanto, de um ecumenismo entendido
quase como uma conversão de todos nós a Cristo." (RL)