2012-01-16 13:13:15

Paquistão: denúncia de violências contra crianças cristãs


Karachi (RV) - Estupros e torturas de crianças, extorsões de famílias, abusos e violências que se verificam no silêncio e no terror das vítimas: é o que está ocorrendo à comunidade cristã de alguns bairros da periferia de Karachi, a maior cidade do sul do Paquistão, capital da província de Sindh. A denúnica foi feita por Michael Javed, parlamentar católico que atua nesta região.

Num colóquio com a agência Fides, Javed lança um alarme: os cristãos dos bairros de Essa Nagri, Ayub Goth e Bhittaiabad há meses são vítimas de indescritíveis violências, perpetradas por membros de movimentos políticos de forte influência étnica e islâmica, como os pashtun.

As famílias cristãs vivem um calvário, mas “as pessoas não denunciam os abusos por temer represálias”. Somente no último mês, conta Javed à agência Fides, “foram registrados 15 casos de estupro”. Em Essa Nagri existem autênticas “celas de tortura”, onde são fechados e estuprados meninos e meninas cristãs. “Pela liberdade das crianças, pede-se um resgate de até 100 mil rupias, e se as famílias não podem pagar, os menores são torturados até se tornarem irreconhecíveis”.

Como resultado de tais violências, nos últimos seis meses, numerosas famílias preferiram deixar Karachi. “O objetivo de tais violências é cancelar a presença cristã na área, uma espécie de limpeza étnica: somos considerados escravos, indígnos de pisar o solo paquistanês”.

Outro caso assinalado é o de um “bordel” aberto próximo a uma igreja católica em Ayub Goth e onde “jovens cristãs, de famílias muito pobres, são obrigadas a prostituirem-se”. As autoridades, mesmo sendo advertidas, até o momento ainda não agiram. Javed lança um apelo pedindo “que se acabe com a opressão sobre a comunidade cristã”.

A agência Fides conversou com o Padre Victor John, franciscano da diocese de Karachi, pároco em Essa Nagri, (onde vivem 700 famílias cristãs, 300 das quais católicas) e responsável pastoral pela região de Ayub Goth: “São bairros muito pobres - destaca o sacerdote -, assolados pela criminalidade e ilegalidade. Violências e torturas existem, perpetradas por membros de partidos politicos islâmicos que exploram as pessoas para fins políticos, mas também por militantes hostis aos fiéis.

Na área, é muito difuso o tráfico de droga, com a complacência da polícia. Faltam escolas e serviços sociais e, neste contexto de pobreza, a violência impera”. “A Igreja – prossegue – está presente com escolas, com um Centro de recuperação para toxicômanos, com a obra das irmãs de Madre Teresa e das irmãs Franciscanas do Sagrado Coração de Jesus. O nosso trabalho é endereçado principalmente às crianças e jovens, buscando ajudá-los e instrui-los, para tirá-los da criminalidade”. (SP)








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