2012-01-14 14:51:24

Editorial: Um olhar de esperança


Cidade do Vaticano (RV) – RealAudioMP3 Na última segunda-feira o Papa Bento XVI recebeu na Sala Regia, no Vaticano o corpo diplomático acreditado junto à Santa Sé, para as felicitações de Ano Novo. Esse já é um encontro tradicional no início de cada ano durante o qual o Papa faz uma síntese e análise dos principais fatos no cenário internacional do ano que passou. E dessa análise permeada com reflexões, externações e apelos o Santo Padre aproveitanto a presença de 178 embaixadores que representam as nações com as quais a Santa Sé mantém relações diplomáticas - entre elas o Brasil, representado pelo Embaixador Almir Franco de Sá Barbuda – dirige o seu pensamento a todos os governos e povos da terra.

Este ano como nos antecedentes Bento XVI centralizou a sua atenção no homem, no ser humano que muitas vezes vê seus direitos e anseios pisoteados pelo egoísmo, indiferença e cobiça do seu semelhante.

O Papa traçou um panorama do momento atual, marcado por um "profundo mal-estar e por diversas crises: econômicas, políticas e sociais". Crises que não atingiram somente as famílias e as empresas, mas principalmente os jovens. E citou as regiões do mundo em que eles foram os protagonistas. O olhar do Papa aos jovens, como sempre é um olhar de confiança e esperança.

“O Beato João Paulo II lembrava que «o caminho da paz é também o caminho dos jovens», - recordou Bento XVI - constituindo eles «a juventude das nações e das sociedades, a juventude de todas as famílias e da humanidade inteira». Por isso, os jovens pressionam-nos para que sejam consideradas seriamente as suas exigências de verdade, justiça e paz”.

Preocupado com o fato de serem os jovens os mais afetados pelos efeitos da incerteza do momento atual, com o desemprego e a falta de perspetivas para o futuro, o Santo Padre mencionou expressamente a África do Norte e o Oriente Médio, onde os jovens lançaram “aquilo que se tornou num amplo movimento de revindicação de reformas e de participação mais ativa na vida política e social”.

Embora reconhecendo a dificuldade de estabelecer já um balanço definitivo destes acontecimentos e suas consequências, o Papa exprimiu ainda assim um seu parecer: “O otimismo inicial deu lugar ao reconhecimento das dificuldades deste momento de transição e mudança. Parece evidente que a via adequada para continuar o caminho empreendido passa pelo reconhecimento da dignidade inalienável de cada pessoa humana e dos seus direitos fundamentais”. São os jovens, segundo Bento XVI, a base sobre a qual investir para reverter a situação atual. Isso só poderá ser feito através da educação, que constitui a tarefa de primária importância num tempo difícil e delicado.

O Santo Padre citou ainda a questão da liberdade religiosa e do uso da religião para subjugar o próximo. “O terrorismo religiosamente motivado ceifou, no ano passado, também numerosas vítimas, sobretudo na Ásia e na África”. Por esta razão,o Papa voltou a repetir o que já tinha dito em Assis, que esta não é a verdadeira natureza da religião. Ao contrário, é a sua deturpação e contribui para a sua destruição. A religião não pode ser usada como pretexto para pôr de lado as regras da justiça e do direito em favor do «bem» que ela persegue.

“Realismo e esperança” são as palavras que melhor definem o discurso do Papa ao corpo diplomático: A opinião é do diretor do jornal L’Osservatore romano, Giovanni Maria Vian, segundo o qual “ao observar o panorama mundial – onde o homem não reconhece mais a própria relação com o Criador – e as repercussões graves e preocupantes da crise, o Papa conseguiu unir ao realismo a esperança”.

Animada pela certeza da fé, a Santa Sé continua a dar à Comunidade internacional a sua contribuição, guiada por um duplo intento que o Concílio Vaticano II definiu claramente – finalizou Betno XVI: “proclamar a sublime vocação do homem e a presença nele de um germe divino, e oferecer à humanidade uma cooperação sincera a fim de instaurar a fraternidade universal que a esta vocação corresponde”. (Silvonei José)







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