Bento XVI: a justiça é espezinhada quando dominam critérios de utilidade e de lucro
Cidade do Vaticano (RV) - Bento XVI recebeu em audiência nesta sexta-feira,
na Sala Clementina, no Vaticano, os dirigentes e funcionários da Inspetoria de Segurança
Pública junto ao Vaticano. O Papa exortou as forças de polícia a promoverem a justiça
e a favorecerem a paz. Em seguida, deteve-se sobre os episódios de violência e intolerância
de que cristãos foram vítimas em várias partes do mundo: episódios esses que caracterizaram
o ano que passou.
"Como força de polícia, sejam sempre autênticos promotores
da justiça e sinceros construtores de paz": foi a exortação do Pontífice. Tratou-se
de um discurso de agradecimento aos que asseguram a tutela da ordem pública para os
peregrinos que visitam os túmulos dos Apóstolos.
De fato, o Papa aproveitou
a ocasião para voltar a falar também sobre os sofrimentos de tantos cristãos, vítimas
de violência e intolerância:
"Frequentemente, em diversas partes do mundo,
são exatamente os cristãos objeto de represálias e atentados, pagando inclusive com
a vida a sua pertença a Cristo e à Igreja."
O Santo Padre recordou que em sua
Mensagem para o Dia Mundial da Paz evidenciou a necessidade da educação dos jovens
"para a justiça e a paz". Dois termos que muitas vezes são usados "de modo equivocado",
constatou:
"A justiça não é uma simples convenção humana; quando, em nome de
uma presumível justiça, dominam os critérios da utilidade, do lucro e do ter, se pode
também espezinhar o valor e a dignidade da pessoa humana."
A justiça, reiterou,
"é uma virtude que dirige a vontade humana a fim de que dê ao outro aquilo que lhe
cabe em razão de seu ser e de seu agir". Do mesmo modo, acrescentou, "a paz não é
a mera ausência de guerra ou o resultado da ação isolada dos homens para evitá-la",
mas "é, em primeiro lugar, dom de Deus que deve ser pedido com fé e que em Jesus Cristo
encontra o caminho para alcançá-la":
"Ademais, a verdadeira paz é uma obra
a ser construída diariamente com a contribuição da compaixão, solidariedade, fraternidade
e colaboração de cada um. Ela está profundamente ligada à justiça – animada pela verdade
na caridade – que os homens são capazes de realizar a partir do contexto em que habitualmente
vivem: a família, o trabalho e as relações de amizade."
Bento XVI ressaltou
que o grande número de pessoas que do mundo inteiro visitam o centro da Igreja Católica
"não constitui certamente um problema para a cidade de Roma e para toda a Itália,
mas uma riqueza e um motivo de orgulho". (RL)