Papa aos embaixadores: investir nos jovens para resolver as crises mundiais
Cidade do Vaticano (RV) – Nesta segunda-feira, realizou-se na Sala Regia a
audiência de Bento XVI com o corpo diplomático acreditado junto à Santa Sé, para as
felicitações de Ano Novo.
Atualmente, a Santa Sé mantém relações diplomáticas
com 178 Estados, entre eles o Brasil, que foi representado pelo Embaixador Almir Franco
de Sá Barbuda.
Trata-se de um discurso tradicional, em que o Papa menciona
fatos de particular relevância no cenário internacional. Nessa ótica, citou os Estados
que empreenderam relações diplomáticas com a Santa Sé em 2011: Azerbaijão, Montenegro
e Moçambique. E recordou o Sudão do Sul, que, em julho passado, se tornou o mais novo
Estado soberano.
Bento XVI falou das ocasiões que teve em 2011 de encontrar
chefes de Estado e de Governo, como viagens internacionais, a beatificação de seu
predecessor, João Paulo II, os 60 anos de sua ordenação sacerdotal e a missa pelo
bicentenário dos países da América Latina e do Caribe, em 12 de dezembro, na qual
anunciou sua viagem ao México e a Cuba.
A seguir, traçou um panorama do momento
atual, marcado por um "profundo mal-estar e por diversas crises: econômicas, políticas
e sociais". Crises que não atingiram somente as famílias e as empresas, mas principalmente
os jovens. E citou as regiões do mundo em que eles foram os protagonistas ao reivindicarem
reformas e participação mais ativa na vida política e social, como aconteceu no norte
da África e no Oriente Médio.
Em especial, o Pontífice se declarou preocupado
com a situação na Síria, onde pediu o fim do derramamento de sangue e o início do
diálogo. Falou da Terra Santa, em que israelenses e palestinos devem adotar decisões
corajosas, visando a paz, e do Iraque, em que atentados ainda causam a perda de inúmeras
vidas humanas.
Diante desses fatos, Bento XVI encorajou a comunidade internacional
a estimular a própria criatividade e as iniciativas de promoção da paz, no respeito
do direito de todos os povos. Mas são os jovens, segundo ele, a base sobre a qual
investir para reverter a situação atual. Isso só poderá ser feito através da educação,
que constitui a tarefa de primária importância num tempo difícil e delicado.
Uma
obra educativa eficaz, seja na família, seja nas instituições, engloba o respeito
à liberdade religiosa, que é o primeiro dos Direitos Humanos, porque expressa a realidade
mais fundamental da pessoa. Em não poucos países, afirmou, os cristãos são privados
de seus direitos fundamentais e colocados à margem da vida pública, citando em especial
a morte do ministro paquistanês Shahbaz Bhatti e os recentes atentados na Nigéria.
No continente africano, falou ainda da instabilidade na região dos Grandes Lagos,
da urgência humanitária nos países do Chifre da África e da crise que persiste na
Somália.
Uma obra educativa eficaz favorecerá também o respeito à Criação.
E citou as graves calamidades naturais que, em 2011, atingiram várias regiões do sudeste
asiático, e os desastres ambientais, como o da central nuclear de Fukushima, no Japão.
"A proteção do meio ambiente, a sinergia entre a luta contra a pobreza e contra as
mudanças climáticas constituem âmbitos relevantes para a promoção do desenvolvimento
humano integral. Faço votos de que a comunidade internacional se prepare para a Conferência
da ONU sobre o desenvolvimento sustentável (Rio+20) como autêntica 'família das nações'".
Bento
XVI recorda que o Príncipe da paz nos ensina que a vida não acaba no vazio, que o
seu destino não é a corrupção, mas a imortalidade. "Animada pela certeza da fé, a
Santa Sé continua a dar a própria contribuição à comunidade internacional. Cristo
veio para que os homens tenham vida e a tenham em abundância."