(9/1/2012) A Liga Árabe decidiu manter os observadores na Síria, apesar da incapacidade
da missão para travar a espiral de violência no país. Para rebater as críticas, a
organização promete reforçar o número de enviados e de meios ao seu dispor, mas sublinha
que o sucesso da delegação depende da cooperação do regime de Damasco. A decisão
foi tomada depois de o chefe da missão, o general sudanês Mohammed al-Dabi, ter apresentado
aos chefes da diplomacia árabe, reunidos no Cairo, um primeiro relatório sobre o trabalho
dos observadores, que estão há duas semanas no terreno.Segundo a televisão Al-Jazira,
a missão confirmou que o Presidente Bashar al-Assad não está a cumprir a promessa
feita à Liga Árabe de permitir protestos pacíficos contra o regime, nem retirou totalmente
as forças de segurança do interior das cidades. O relatório adianta ainda que Damasco
libertou dezenas de detidos, mas sublinha que não foi possível confirmar se são presos
políticos ou de delito comum. Os observadores testemunharam também o sangrento balanço
da violência – dezenas de corpos nas morgues das cidades ou abandonados na rua –,
mas imputam responsabilidades tanto ao regime como a grupos de militares dissidentes
cada vez mais activos no país. Após nove meses de violenta repressão dos protestos,
que lhe valeu a suspensão do lugar na Liga Árabe, Assad cedeu no mês passado à pressão
internacional, aceitando a presença de observadores. Mas as esperanças dos grupos
da oposição duraram pouco tempo e, agora, não poupam nas críticas à missão: dizem
que os observadores estão a ser manipulados pelo regime, que foram incapazes de travar
o banho de sangue e que a sua presença apenas serve para aliviar a pressão internacional
sobre Damasco. O primeiro-ministro do Qatar, uma das vozes mais críticas dentro
da organização à falta de eficácia da missão, disse que o número de observadores pode
chegar em breve aos 300, o dobro dos actuais. A oposição pedira o envolvimento
das Nações Unidas na missão, uma proposta que contava com o apoio do Qatar, mas vários
países opuseram-se à ideia, temendo a “internacionalização” do conflito. Em alternativa,
os ministros comprometem-se apenas a coordenar esforços com a ONU com vista ao reforço
das “capacidades técnicas” da delegação. Mas se a Liga assume parte do ónus pelo
que não tem corrido bem, deixa também um recado a Damasco. O regime deve cumprir todas
as promessas feitas e “parar imediatamente todos os actos de violência”. O sucesso
da missão de observadores, lê-se no comunicado final, “depende da cooperação do Governo
sírio”.