Congregação para a Doutrina da Fé divulga nota pastoral
Cidade do Vaticano (RV) – A Congregação para a Doutrina da Fé divulgou, neste
sábado, nota com as indicações pastorais para o Ano da Fé. A nota contempla todos
os níveis da Igreja, desde o nível universal, das conferências episcopais, diocesano
e em nível das paróquias, comunidades, associações e movimentos.
Com a Carta
apostólica Porta fidei de 11 de outubro de 2011, o Santo Padre Bento XVI convocou
um Ano da Fé. Ele começará no dia 11 de outubro 2012, por ocasião do qüinquagésimo
aniversário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II, e terminará em 24 de novembro
de 2013, Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.
Este ano
será uma ocasião propícia a fim de que todos os fiéis compreendam mais profundamente
que o fundamento da fé cristã é “o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que
dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”. Fundamentada no encontro
com Jesus Cristo ressuscitado, a fé poderá ser redescoberta na sua integridade e em
todo o seu esplendor. “Também nos nossos dias a fé é um dom que se deve redescobrir,
cultivar e testemunhar” para que o Senhor “conceda a cada um de nós vivermos a beleza
e a alegria de sermos cristãos”.
O início do Ano da Fé coincide com a grata
recordação de dois grandes eventos que marcaram a face da Igreja nos nossos dias:
o qüinquagésimo aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, desejado pelo beato
João XXIII (11 de outubro de 1962), e o vigésimo aniversário da promulgação do Catecismo
da Igreja Católica, oferecido à Igreja pelo beato João Paulo II (11 de outubro de
1992).
O Concílio, segundo o Papa João XXIII, quis “transmitir pura e íntegra
a doutrina, sem atenuações nem subterfúgios”, empenhando-se para que “esta doutrina
certa e imutável, que deve ser fielmente respeitada, seja aprofundada e exposta de
forma a responder às exigências do nosso tempo” . A este propósito, continua sendo
de importância decisiva o início da Constituição dogmática Lumen Gentium: “A luz dos
povos é Cristo: por isso, este sagrado Concílio, reunido no Espírito Santo, deseja
ardentemente iluminar com a Sua luz, que resplandece no rosto da Igreja, todos os
homens, anunciando o Evangelho a toda a criatura (cfr. Mc. 16,15)”.
A partir
da luz de Cristo, que purifica, ilumina e santifica na celebração da sagrada liturgia
(cf. Constituição Sacrosanctum Concilium) e com a sua palavra divina (cf. Constituição
dogmática Dei Verbum), o Concílio quis aprofundar a natureza íntima da Igreja (cf.
Constituição dogmática Lumen gentium) e a sua relação com o mundo contemporâneo (cf.
Constituição pastoral Gaudium et spes). Ao redor das suas quatro Constituições, verdadeiras
pilastras do Concílio, se agrupam as Declarações e os Decretos, que enfrentam alguns
dos maiores desafios do tempo.
Depois do Concílio, a Igreja se empenhou na
assimilação (receptio) e na aplicação do seu rico ensinamento, em continuidade com
toda a Tradição, sob a guia segura do Magistério. A fim de favorecer a correta assimilação
do Concílio, os Sumos Pontífices convocaram amiúde o Sínodo dos Bispos , instituído
pelo Servo de Deus Paulo VI em 1965, propondo à Igreja orientações claras por meio
das diversas Exortações apostólicas pós-sinodais. A próxima Assembléia Geral do Sínodo
dos Bispos, no mês de outubro de 2012, terá como tema: A nova evangelização para a
transmissão da fé cristã.
Desde o começo do seu pontificado, o Papa Bento XVI
se empenhou de maneira decisiva por uma correta compreensão do Concílio, rechaçando
como errônea a assim chamada “hermenêutica da descontinuidade e da ruptura” e promovendo
aquela que ele mesmo chamou de “’hermenêutica da reforma’”, da renovação na continuidade
do único sujeito-Igreja, que o Senhor nos concedeu; é um sujeito que cresce no tempo
e se desenvolve, permanecendo porém sempre o mesmo, único sujeito do Povo de Deus
a caminho”.
O Catecismo da Igreja Católica, pondo-se nesta linha, é, de um
lado, “verdadeiro fruto do Concílio Vaticano II”, e de outro pretende favorecer a
sua assimilação. O Sínodo Extraordinário dos Bispos de 1985, convocado por ocasião
do vigésimo aniversário da conclusão do Concílio Vaticano II e para efetuar um balanço
da sua assimilação, sugeriu que fosse preparado este Catecismo a fim de oferecer ao
Povo de Deus um compêndio de toda a doutrina católica e um texto de referência segura
para os catecismos locais. O Papa João Paulo II acolheu a proposta como desejo “de
responder plenamente a uma necessidade verdadeira da Igreja Universal e das Igrejas
particulares”. Redigido em colaboração com todo o Episcopado da Igreja Católica, este
Catecismo “exprime verdadeiramente aquela a que se pode chamar a ‘sinfonia da fé’”.
O
Catecismo compreende “coisas novas e velhas (cf. Mt 13,52), porque a fé é sempre a
mesma e simultaneamente é fonte de luzes sempre novas. Para responder a esta dupla
exigência, o ‘Catecismo da Igreja Católica’ por um lado retoma a ‘antiga’ ordem, a
tradicional, já seguida pelo Catecismo de São Pio V, articulando o conteúdo em quatro
partes: o Credo; a sagrada Liturgia, com os sacramentos em primeiro plano; o agir
cristão, exposto a partir dos mandamentos; e por fim a oração cristã. Mas, ao mesmo
tempo, o conteúdo é com freqüência expresso de um modo ‘novo’, para responder às interrogações
da nossa época”.
Este Catecismo é “um instrumento válido e legítimo a serviço
da comunhão eclesial e como uma norma segura para o ensino da fé.” . Nele os conteúdos
da fé encontram “a sua síntese sistemática e orgânica. Nele, de facto, sobressai a
riqueza de doutrina que a Igreja acolheu, guardou e ofereceu durante os seus dois
mil anos de história. Desde a Sagrada Escritura aos Padres da Igreja, desde os Mestres
de teologia aos Santos que atravessaram os séculos, o Catecismo oferece uma memória
permanente dos inúmeros modos em que a Igreja meditou sobre a fé e progrediu na doutrina
para dar certeza aos crentes na sua vida de fé.”.
O Ano da Fé quer contribuir
para uma conversão renovada ao Senhor Jesus e à redescoberta da fé, para que todos
os membros da Igreja sejam testemunhas credíveis e alegres do Senhor ressuscitado
no mundo de hoje, capazes de indicar a “porta da fé” a tantas pessoas que estão em
busca. Esta “porta” escancara o olhar do homem para Jesus Cristo, presente no nosso
meio “todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20). Ele nos mostra como “a arte
de viver” se aprende “numa relação profunda com Ele”. “Com o seu amor, Jesus Cristo
atrai a Si os homens de cada geração: em todo o tempo, Ele convoca a Igreja confiando-lhe
o anúncio do Evangelho, com um mandato que é sempre novo. Por isso, também hoje é
necessário um empenho eclesial mais convicto a favor duma nova evangelização, para
descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé”.
Por
ordem do Papa Bento XVI, a Congregação para a Doutrina da Fé redigiu a presente Nota,
em acordo com os Dicastérios competentes da Santa Sé e com a contribuição do Comitê
para a preparação do Ano da Fé , com algumas indicações para viver este tempo de graça,
sem excluir outras propostas que o Espírito Santo quiser suscitar entre os Pastores
e os fiéis nas diversas partes do mundo.
INDICAÇÕES
“Eu sei em quem
pus a minha fé” (2 Tm 1, 12): esta palavra de São Paulo nos ajuda a compreender que
“antes de mais, a fé é uma adesão pessoal do homem a Deus. Ao mesmo tempo, e inseparavelmente,
é o assentimento livre a toda a verdade revelada por Deus”. A fé como confiança pessoal
no Senhor e a fé que professamos no Credo são inseparáveis, se atraem e se exigem
reciprocamente. Existe uma ligação profunda entre a fé vivida e os seus conteúdos:
a fé das testemunhas e dos confessores é também a fé dos apóstolos e dos doutores
da Igreja.
Neste sentido, as seguintes indicações para o Ano da Fé desejam
favorecer tanto o encontro com Cristo por meio de autênticas testemunhas da fé, quanto
o conhecimento sempre maior dos seus conteúdos. Trata-se de propostas que visam solicitar,
de maneira exemplificativa, a pronta responsabilidade eclesial diante do convite do
Santo Padre a viver em plenitude este Ano como um especial “tempo de graça”. A redescoberta
alegre da fé poderá contribuir também a consolidar a unidade e a comunhão entre as
diversas realidades que compõem a grande família da Igreja.
I. Em nível
da Igreja universal
1. O principal evento eclesial no começo do Ano da Fé
será a XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, convocada pelo Papa Bento
XVI para o mês de outubro de 2012 e dedicada à Nova evangelização para a transmissão
da fé cristã. Durante este Sínodo, no dia 11 de outubro de 2012, acontecerá uma celebração
solene de inauguração do Ano da Fé, recordando o qüinquagésimo aniversário de abertura
do Concílio Vaticano II.
2. No Ano da Fé devem-se encorajar as romarias dos
fiéis à Sé de Pedro, para ali professarem a fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo,
unindo-se àquele que é chamado hoje a confirmar seus irmãos na fé (cf. Lc 22, 32).
Será importante favorecer também as romarias à Terra Santa, lugar que por primeiro
viu a presença de Jesus, o Salvador, e de Maria, sua mãe.
3. No decorrer deste
Ano será útil convidar os fiéis a se dirigirem com devoção especial a Maria, figura
da Igreja, que “reúne em si e reflete os imperativos mais altos da nossa fé”. Assim
pois deve-se encorajar qualquer iniciativa que ajude os fiéis a reconhecer o papel
especial de Maria no mistério da salvação, a amá-la filialmente e a seguir a sua fé
e as suas virtudes. A tal fim será muito conveniente organizar romarias, celebrações
e encontros junto dos maiores Santuários.
4. A próxima Jornada Mundial da
Juventude no Rio de Janeiro em 2013 oferecerá uma ocasião privilegiada aos jovens
para experimentar a alegria que provém da fé no Senhor Jesus e da comunhão com o Santo
Padre, na grande família da Igreja.
5. Deseja-se que sejam organizados simpósios,
congressos e encontros de grande porte, também a nível internacional, que favoreçam
o encontro com autênticos testemunhos da fé e o conhecimento dos conteúdos da doutrina
católica. Demonstrando como também hoje a Palavra de Deus continua a crescer e a se
difundir, será importante dar testemunho de que em Jesus Cristo “encontra plena realização
toda a ânsia e anélito do coração humano” e que a fé “se torna um novo critério de
entendimento e de ação que muda toda a vida do homem”. Alguns congressos serão dedicados
à redescoberta dos ensinamentos do Concílio Vaticano II.
6. Para todos os
crentes, o Ano da Fé oferecerá uma ocasião favorável para aprofundar o conhecimento
dos principais Documentos do Concílio Vaticano II e o estudo do Catecismo da Igreja
Católica. Isto vale de modo particular para os candidatos ao sacerdócio, sobretudo
durante o ano propedêutico ou nos primeiros anos dos estudos teológicos, para as noviças
e os noviços dos Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica,
bem como para aqueles que vivem um período de prova para incorporar-se a uma Associação
ou a um Movimento eclesial.
7. Este Ano será a ocasião propícia para acolher
com maior atenção as homilias, as catequeses, os discursos e as outras intervenções
do Santo Padre. Os Pastores, as pessoas consagradas e os fiéis leigos serão convidados
a um empenho renovado de efetiva e cordial adesão ao ensinamento do Sucessor de Pedro.
8.
Durante o Ano da Fé, se deseja que haja várias iniciativas ecumênicas, em colaboração
com o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, com o fim de invocar
e favorecer “a restauração da unidade entre todos os cristãos” que é “um dos principais
propósitos do sagrado Concílio Ecumênico Vaticano II”. Em particular, acontecerá uma
solene celebração ecumênica a fim de reafirmar a fé em Cristo por parte de todos os
batizados.
9. Junto ao Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização
será instituída uma Secretaria especial para coordenar as diversas iniciativas relativas
ao Ano da Fé, promovidas pelos vários Dicastérios da Santa Sé ou que tenham relevância
para a Igreja universal. Será conveniente informar com tempo esta Secretaria sobre
os principais eventos organizados: ela também poderá sugerir iniciativas oportunas
a respeito. A Secretaria abrirá para tanto um site internet com a finalidade de oferecer
todas as informações úteis para viver de modo eficaz o Ano da Fé.
10. Por
ocasião da conclusão deste Ano, na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do
Universo, acontecerá uma Eucaristia celebrada pelo Santo Padre, na qual se renovará
solenemente a profissão de fé.
II. Em nível das Conferências Episcopais
1.
As Conferências Episcopais poderão dedicar uma jornada de estudo ao tema da fé, do
seu testemunho pessoal e da sua transmissão às novas gerações, na consciência da missão
específica dos Bispos como mestres e “arautos da fé”.
2. Será útil favorecer
a republicação dos Documentos do Concílio Vaticano II, do Catecismo da Igreja Católica
e do seu Compêndio, também em edições de bolso e econômicas, e a sua maior difusão
possível com a ajuda dos meios eletrônicos e das tecnologias modernas.
3.
Deseja-se um esforço renovado para traduzir os Documentos do Concílio Vaticano II
e o Catecismo da Igreja Católica nas línguas em que ainda não existem. Encorajam-se
as iniciativas de sustento caritativo para tais traduções nas línguas locais dos Países
em terra de missão, onde as Igrejas particulares não podem arcar com as despesas.
Tudo isto seja feito sob a guia da Congregação para a Evangelização dos Povos.
4.
Os Pastores, haurindo das novas linguagens de comunicação, devem se empenhar para
promover transmissões televisivas ou radiofônicas, filmes e publicações, também em
nível popular e acessíveis a um grande público, sobre o tema da fé, dos seus princípios
e conteúdos, como também sobre o significado eclesial do Concílio Vaticano II.
5.
Os Santos e os Beatos são as autênticas testemunhas da fé. Portanto será oportuno
que as Conferências Episcopais se empenhem para difundir o conhecimento dos Santos
do próprio território, utilizando também os modernos meios de comunicação social.
6.
O mundo contemporâneo é sensível à relação entre fé e arte. Neste sentido, se aconselha
às Conferências Episcopais a valorizar adequadamente, em função catequética e eventualmente
em colaboração ecumênica, o patrimônio das obras de arte presentes nos lugares confiados
à sua cura pastoral.
7. Os docentes nos Centros de estudos teológicos, nos
Seminários e nas Universidades católicas são convidados a verificar a relevância,
no exercício do próprio magistério, dos conteúdos do Catecismo da Igreja Católica
e das implicações que daí derivam para as respectivas disciplinas.
8. Será
útil preparar, com a ajuda de teólogos e autores competentes, subsídios de divulgação
com caráter apologético (cf. 1 Pd 3, 15). Assim cada fiel poderá responder melhor
às perguntas que se fazem nos diversos âmbitos culturais, ora no tocante aos desafios
das seitas, ora aos problemas ligados ao secularismo e ao relativismo, ora “a uma
série de interrogativos, que provêm duma diversa mentalidade que, hoje de uma forma
particular, reduz o âmbito das certezas racionais ao das conquistas científicas e
tecnológicas”, como também a outras dificuldades específicas.
9. Deseja-se
um controle dos catecismos locais e dos vários subsídios catequéticos em uso nas Igrejas
particulares, para garantir a sua conformidade plena com o Catecismo da Igreja Católica.
No caso em que alguns catecismos ou subsídios não estejam em plena sintonia com o
Catecismo, ou revelem algumas lacunas, poder-se-á encetar a elaboração de novos, eventualmente
segundo o exemplo e a ajuda de outras Conferências Episcopais que já providenciaram
à sua redação.
10. Será oportuna, em colaboração com a competente Congregação
para a Educação Católica, um controle da presença dos conteúdos do Catecismo da Igreja
Católica na Ratio da formação dos futuros sacerdotes e no Curriculum dos seus estudos
teológicos.
III. Em nível diocesano
1. Deseja-se uma celebração de
abertura do Ano da Fé e uma solene conclusão do mesmo a nível de cada Igreja particular,
ocasião para “confessar a fé no Senhor Ressuscitado nas nossas catedrais e nas igrejas
do mundo inteiro”.
2. Será oportuno organizar em cada Diocese do mundo uma
jornada sobre o Catecismo da Igreja Católica, convidando especialmente os sacerdotes,
as pessoas consagradas e os catequistas. Nesta ocasião, por exemplo, as Eparquias
orientais católicas poderiam preparar um encontro com os sacerdotes para testemunhar
a sensibilidade específica e a tradição litúrgica próprias ao interno da única fé
em Cristo; assim as jovens Igrejas particulares nas terras de missão poderão ser convidadas
a oferecer um testemunho renovado daquela alegria na fé que tanto as caracterizam.
3.
Cada Bispo poderá dedicar uma sua Carta pastoral ao tema da fé, recordando a importância
do Concílio Vaticano II e do Catecismo da Igreja Católica levando em conta as circunstâncias
pastorais específicas da porção de fiéis a ele confiada.
4. Deseja-se que
em cada Diocese, sob a responsabilidade do Bispo, sejam organizados momentos de catequese,
destinados aos jovens e àqueles que estão em busca de um sentido para a vida, com
a finalidade de descobrir a beleza da fé eclesial, e que sejam promovidos encontros
com as testemunhas significativas da mesma.
5. Será oportuno controlar a assimilação
(receptio) do Concílio Vaticano II e do Catecismo da Igreja Católica na vida e na
missão de cada Igreja particular, especialmente em âmbito catequético. Neste sentido
se deseja um empenho renovado por parte dos Ofícios catequéticos das Dioceses, os
quais – com o apoio das Comissões para a Catequese das Conferências Episcopais ; têm
o dever de providenciar à formação dos catequistas no que diz respeito aos conteúdos
da fé.
6. A formação permanente do clero poderá ser concentrada, especialmente
neste Ano da Fé, nos Documentos do Concílio Vaticano II e no Catecismo da Igreja Católica,
tratando, por exemplo, de temas como “o anúncio do Cristo ressuscitado”, “a Igreja,
sacramento de salvação”, “a missão evangelizadora no mundo de hoje”, “fé e incredulidade”,
“fé, ecumenismo e diálogo interreligioso”, “fé e vida eterna”, “a hermenêutica da
reforma na continuidade”, “o Catecismo na preocupação pastoral ordinária”.
7.
Os Bispos são convidados a organizar, especialmente no período da quaresma, celebrações
penitenciais nas quais se peça perdão a Deus, também e particularmente, pelos pecados
contra a fé. Este Ano será também um tempo favorável para se aproximar com maior fé
e maior freqüência do sacramento da Penitência.
8. Deseja-se um envolvimento
do mundo acadêmico e da cultura por uma renovada ocasião de diálogo criativo entre
fé e razão por meio de simpósios, congressos e jornadas de estudo, especialmente nas
Universidades católicas, mostrando “que não é possível haver qualquer conflito entre
fé e ciência autêntica, porque ambas, embora por caminhos diferentes, tendem para
a verdade.
9. Será importante promover encontros com pessoas que, “embora
não reconhecendo em si mesmas o dom da fé, todavia vivem uma busca sincera do sentido
último e da verdade definitiva acerca da sua existência e do mundo”, inspirando-se
também nos diálogos do Pátio dos Gentios, organizados sob a guia do Conselho Pontifício
para a Cultura.
10. O Ano da Fé poderá ser uma ocasião para prestar uma maior
atenção às Escolas católicas, lugares próprios para oferecer aos alunos um testemunho
vivo do Senhor e para cultivar a sua fé com uma referência oportuna à utilização de
bons instrumentos catequéticos, como por exemplo, o Compêndio do Catecismo da Igreja
Católica ou como o Youcat.
IV. Em nível das paróquias / comunidades / associações
/ movimentos
1. Em preparação para o Ano da Fé, todos os fiéis são convidados
a ler e meditar atentamente a Carta apostólica Porta fidei do Santo Padre Bento XVI.
2.
O Ano da Fé “será uma ocasião propícia também para intensificar a celebração da fé
na liturgia, particularmente na Eucaristia”. Na Eucaristia, mistério da fé e fonte
da nova evangelização, a fé da Igreja é proclamada, celebrada e fortalecida. Todos
os fiéis são convidados a participar dela conscientemente, ativamente e frutuosamente,
a fim de serem testemunhas autênticas do Senhor.
3. Os sacerdotes poderão
dedicar maior atenção ao estudo dos Documentos do Concílio Vaticano II e do Catecismo
da Igreja Católica, tirando daí fruto para a pastoral paroquial – a catequese, a pregação,
a preparação aos sacramentos – e propondo ciclos de homilias sobre a fé ou sobre alguns
dos seus aspectos específicos, como por exemplo “o encontro com Cristo”, “os conteúdos
fundamentais do Credo”, “a fé e a Igreja”.
4. Os catequistas poderão haurir
sobremaneira da riqueza doutrinal do Catecismo da Igreja Católica e guiar, sob a responsabilidade
dos respectivos párocos, grupos de fiéis à leitura e ao aprofundimento deste precioso
instrumento, a fim de criar pequenas comunidades de fé e de testemunho do Senhor Jesus.
5.
Deseja-se que nas paróquias haja um empenho renovado na difusão e na distribuição
do Catecismo da Igreja Católica ou de outros subsídios adequados às famílias, que
são autênticas igrejas domésticas e primeiro lugar da transmissão da fé, como por
exemplo no contexto das bênçãos das casas, dos Batismos dos adultos, das Crismas,
dos Matrimônios. Isto poderá contribuir para a confissão e aprofundimento da doutrina
católica “nas nossas casas e no meio das nossas famílias, para que cada um sinta fortemente
a exigência de conhecer melhor e de transmitir às gerações futuras a fé de sempre”.
6.
Será oportuno promover missões populares e outras iniciativas nas paróquias e nos
lugares de trabalho para ajudar os fiéis a redescobrir o dom da fé batismal e a responsabilidade
do seu testemunho, na consciência de que a vocação cristã “é também, por sua própria
natureza, vocação ao apostolado”.
7. Neste tempo, os membros dos Institutos
de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica são solicitados a se empenhar
na nova evangelização, com uma adesão renovada ao Senhor Jesus, pela contribuição
dos próprios carismas e na fidelidade ao Santo Padre e à sã doutrina.
8. As
Comunidades contemplativas durante o Ano da Fé dedicarão uma intenção de oração especial
para a renovação da fé no Povo de Deus e para um novo impulso na sua transmissão às
jovens gerações.
9. As Associações e os Movimentos eclesiais são convidados
a serem promotores de iniciativas específicas, as quais, pela contribuição do próprio
carisma e em colaboração com os Pastores locais, sejam inseridas no grande evento
do Ano da Fé. As novas Comunidades e os Movimentos eclesiais, de modo criativo e generoso,
saberão encontrar os modos mais adequados para oferecer o próprio testemunho de fé
ao serviço da Igreja.
10. Todos os fiéis, chamados a reavivar o dom da fé,
tentarão comunicar a própria experiência de fé e de caridade dialogando com os seus
irmãos e irmãs, também com os das outras confissões cristãs, com os seguidores de
outras religiões e com aqueles que não crêem ou são indiferentes. Deste modo se deseja
que todo o povo cristão comece uma espécie de missão endereçada aqueles com os quais
vive e trabalha, com consciência de ter recebido “a mensagem da salvação para a comunicar
a todos”.
CONCLUSÃO
A fé “é companheira de vida, que permite perceber,
com um olhar sempre novo, as maravilhas que Deus realiza por nós. Solícita a identificar
os sinais dos tempos no hoje da história, a fé obriga cada um de nós a tornar-se sinal
vivo da presença do Ressuscitado no mundo”. A fé é um ato pessoal e ao mesmo tempo
comunitário: é um dom de Deus que deve ser vivenciado na grande comunhão da Igreja
e deve ser comunicado ao mundo. Cada iniciativa para o Ano da Fé quer favorecer a
alegre redescoberta e o testemunho renovado da fé. As indicações aqui oferecidas têm
o fim de convidar todos os membros da Igreja ao empenho a fim de que este Ano seja
a ocasião privilegiada para partilhar aquilo que o cristão tem de mais caro: Cristo
Jesus, Redentor do homem, Rei do Universo, “autor e consumador da fé” (Heb 12, 2).
Roma,
da Sede da Congregação para a Doutrina da Fé, aos 6 de janeiro de 2012, Solenidade
da Epifania do Senhor.