Padre denuncia condição difícil dos haitianos no Acre
Brasiléia – O município de Brasiléia, no Acre, vive hoje uma situação caótica
e sem qualquer condição de dar o mínimo de assistência aos refugiados haitianos que
chegam todos os dias à cidade de 30 mil habitantes, onde 15 mil residem na área urbana.
O “caos está instalado”, disse o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre,
Nilson Mourão, em entrevista à Agência Brasil. Segundo ele, além do que já fez, o
governo estadual não tem mais condições de dar qualquer assistência aos 1.250 haitianos
que estão na cidade.
Mourão disse que o Acre chegou ao limite financeiro de
gastos e necessita de apoio imediato do governo federal que, segundo ele, não tem
dado a assistência necessária para resolver o problema.
O secretário ressaltou
que o governo do estado não tem pessoal qualificado para fazer a triagem da saúde
dos haitianos que entram no Brasil por Brasiléia, trabalho que vem sendo conduzido
precariamente por soldados do Corpo de Bombeiros.
O pároco da Igreja de Nossa
Senhora das Dores, em Brasiléia, Pe. Rupe Crispim da Silva, confirmou as dificuldades
enfrentadas pelos haitianos na questão da saúde, o que também implica riscos para
os moradores da cidade. Ele teme que a falta de triagem de saúde e vacinação dos haitianos
ponha em risco a própria população de Brasiléia. “É uma questão de saúde. Precisamos
avaliar a saúde deles e vaciná-los contra febre amarela e hepatite, por exemplo, porque
muitos chegam pela mata que faz fronteira com a Bolívia.”
De acordo com o Padre
Rupe, a prefeitura não tem condição de dar assistência aos haitianos. Ele informou
que o hospital da cidade também não comporta os refugiados que precisam de assistência
médica. Segundo ele, o governo do Acre tem abrigado parte dessas pessoas nas pousadas
e hotéis de Brasiléia que estão superlotadas.
Os refugiados que têm mais condições
financeiras dividem o aluguel de casas. “Mesmo assim, não temos espaço, nem condições
para abrigar a todos”, ressaltou o padre. Ele disse que as igrejas da cidade têm pouca
condição financeira para ajudar os imigrantes e destinam o que arrecadam à compra
de leite e de alimentos para as crianças. “Fazemos o que podemos, mas a situação é
desumana mesmo”, afirmou o padre. (CM)