Alarme penúria no Sahel: seis milhões de pessoas poderão passar fome
Cidade do Vaticano (RV) - Novo alarme penúria na região africana do Sahel:
quem lança o alarme são diversas organizações não-governamentais empenhadas naquela
área que se estende do Oceano Atlântico ao Chifre da África. Trata-se de uma emergência
que diz respeito, em particular, à Mauritânia, Senegal, Gâmbia, Mali, Burquina Faso,
Níger e Chade.
A esse propósito, a Rádio Vaticano entrevistou o Secretário
da Fundação João Paulo II para o Sahel, Dom Giampietro Dal Toso, fundação esta ligada
ao Pontifício Conselho Cor Unum.
Dados revelados dão conta de que 11
milhões de habitantes na faixa do Sahel já se encontram em risco de desnutrição e
metade poderia, proximamente, passar fome. Quais notícias os senhores têm a esse respeito?
Dom
Giampietro Dal Toso:- "Efetivamente, o que você diz é verdade: essa situação de
gravidade que tínhamos, e que temos, ainda, em parte, no Chifre da África, de fato,
se estendeu também aos países do Sahel, ao sul do deserto do Saara. Países que sempre
estiveram em dificuldade desse ponto de vista, mas que neste momento estão em maior
dificuldade por causa da falta de água, falta de chuvas e, portanto, dificuldade para
a cultivação e a colheita, que este ano se sente muito. Portanto, estamos numa situação
crítica que nos próximos meses poderá desembocar numa crise com uma situação de fome
para diversos milhões de pessoas. Obviamente, neste momento a crise é causada de modo
específico pela falta de água, porém – como recordei –, é uma crise que tem raízes
distantes no tempo: não foi por acaso que na década de oitenta João Paulo II esteve
no Sahel – exatamente nos países mais pobres do mundo de então – e lançou, na ocasião,
em Uagadugu (Burquina Faso), um apelo contra a sede, a seca e a desertificação. Respondendo
a esse apelo foi criada, em seguida, a "Fundação João Paulo II para o Sahel"."
RV:
A fundação foi instituída em 1984: as condições desses países melhoraram e as ajudas
internacionais se tornaram mais eficientes ao longo desses esses 28 anos?
Dom
Giampietro Dal Toso:- "Retornei há pouco de uma visita a Burquina Faso, onde estive
no início de dezembro. Posso dizer-lhe que a situação varia, obviamente, de país para
país. Porém, há uma atenção internacional para com esses países, ou pelo menos para
com alguns deles. De fato, há países politicamente mais ou menos estáveis e outros
menos estáveis. Portanto, é mais fácil ou mais difícil intervir, segundo a situação
de cada um. Com certeza, a Igreja dá atenção a esses países. Em particular, a nossa
Fundação no ano 2010 ofereceu ajudas de quase dois milhões de dólares para 176 projetos.
Esse é um exemplo do vastíssimo compromisso da Igreja com associações, repartições,
Caritas e vários organismos internacionais presentes. Portanto, há atenção e se ajuda
muito. Todavia, essas emergências requerem sempre uma grande atenção, um envolvimento,
uma presença, recordando também que se trata de problemas estruturais que aos poucos
devem ser resolvidos e que a solução para esses problemas requer tempo."
RV:
Portanto, é bom que se alerte a comunidade internacional, antes que seja tarde demais
para a vida de tantas pessoas...
Dom Giampietro Dal Toso:- "É absolutamente
necessário, porque essa emergência chegará de modo dramático, e se não nos prepararmos
desde agora as conseqüências poderão ser catastróficas para milhões de pessoas." (RL)