(3/1/2012) No acolhimento generoso e amoroso de cada vida humana, sobretudo daquela
débil e doente, o cristão manifesta um aspecto importante do próprio testemunho evangélico,
segundo o exemplo de Cristo que se dobrou sobre os sofrimentos materiais e espirituais
do homem para o curar. Afirmou o Papa na sua mensagem para o XX dia mundial do doente
que será celebrado a 11 de fevereiro. Bento XVI manifesta a própria proximidade
espiritual a todos os doentes que se encontram nos lugares de cura ou que são acudidos
nas famílias exprimindo a cada um a solicitude e o afecto da Igreja inteira e recorda
como o momento do sofrimento, no qual poderia surgir a tentação de abandonar-se ao
desencorajamento e ao desespero, pode transformar-se num tempo de graça para entrar
em si mesmos e como o filho pródigo da parábola evangélica, repensar a própria vida
reconhecendo erros e falências, sentir a saudade do abraço do Pai e percorrer de novo
o caminho para a sua Casa. Na sua mensagem o Papa relaciona os “sofrimentos materiais
e espirituais do ser humano”, falando num “binómio entre a saúde física e a renovação
após as lacerações da alma”. “Desejo encorajar os doentes e os que sofrem a encontrarem
sempre uma âncora segura na fé, alimentada pela escuta da Palavra de Deus, pela oração
pessoal e os sacramentos, ao mesmo tempo que convido os pastores a estarem cada vez
mais disponíveis para as celebrações pelos doentes”, diz Bento XVI. A mensagem
papal sublinha, a este respeito, a presença dos padres nos hospitais, uma missão “delicada”
que deve fazer deles “verdadeiros ministros dos doentes”, e centra a sua reflexão
nos chamados ‘sacramentos de cura’, ou seja, a Penitência (confissão) e a Unção dos
Doentes. “O momento do sofrimento, no qual poderia surgir a tentação de se abandonar
ao desânimo e ao desespero, pode transformar-se em tempo de graça para entrar de novo
dentro de si próprio”, indica o texto, que tem como tema ‘Levanta-te e vai. A tua
fé te salvou’, expressão retirada do Evangelho segundo São Lucas. Bento XVI frisa
a “importância da fé para os que, atingidos pelo sofrimento e a doença, se aproximam
do Senhor”, acrescentado que “quem acredita nunca está só”. “Quem, no seu próprio
sofrimento e doença, invoca o Senhor, está certo de que o seu amor nunca o abandona
e que também o amor da Igreja nunca falta”, escreve. Relativamente à Unção dos
Doentes [conhecida popularmente como ‘extrema unção’, embora a denominação não seja
correta], o Papa espera uma “maior consideração” tanto na reflexão teológica como
na “ação pastoral” junto de quem vive uma situação de doença. “A atenção e o cuidado
pastoral para com os doentes é sinal, por um lado, da ternura de Deus para quem está
no sofrimento e, por outro, traz vantagem espiritual também ao sacerdote e a toda
a comunidade cristã”, assinala. A mensagem de Bento XVI observa ainda a “importância
da Eucaristia”, desejando que as comunidades paroquiais “assegurem aos que, por motivos
de saúde ou de idade não pode deslocar-se aos locais de culto, a possibilidade de
aceder com frequência à comunhão sacramental”. O Papa deixa uma palavra de “agradecimento”,
em nome pessoal e de toda a Igreja, a quantos trabalham no mundo da saúde e às famílias
dos doentes, “porque, na competência profissional e no silêncio, muitas vezes, também,
sem mencionar o nome de Cristo o manifestam concretamente”.