2011-12-30 10:12:25

África: sementes de qualidade mudam cenário da agricultura em Moçambique


RealAudioMP3 Roma (RV) - O ano termina com o fim de um projeto da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, a FAO, para fortalecer o setor de sementes em Moçambique.

Para entender a evolução pela qual passou o setor de sementes na agricultura em Moçambique, precisamos voltar aos anos de 2007 e 2008, quando a variação no preço dos alimentos atingiu a população, provocando uma crise na alimentação. Para enfrentar a crise, só havia uma saída: aumentar a produção de alimentos no país.

Por meio de um financiamento de mais de sete milhões de euros, provenientes de um fundo para a alimentação da União Europeia, a FAO trabalhou em parceira com quinze companhias e cerca de mil pequenos produtores de sementes em sete das onze províncias de Moçambique. Em dois anos, cerca de 3 mil e quinhentas toneladas de sementes certificadas de milho, arroz, feijão e girassol foram plantadas.

A Chefe para Emergências na África, Cristina Amaral, explica o que deve acontecer agora que o programa chega ao fim. Isso porque a partir de agora os agricultores terão de pagar o preço estabelecido pelo mercado, diferente do que acontecia antes, quando os produtores cadastrados recebiam as sementes e insumos de graça.

“O projeto apoiou várias empresas de sementes, e essas empresas vão continuar a fornecer a seus mercados. Portanto, a partir de agora deve haver um efeito multiplicador do projeto mesmo na ausência de um financiamento direto. A produção de sementes deve se tornar no futuro um sector viável do ponto de vista comercial”.

Aproximadamente 25 mil agricultores utilizaram os cupons da FAO para ter acesso às sementes e também a fertilizantes. O resultado foi a produção de 90 mil toneladas de trigo e arroz. Contudo, do total de terras cultiváveis em Moçambique, apenas 10% delas são utilizadas. E na maior parte dos casos, as sementes utilizadas nestas terras não são de boa qualidade. De acordo com a FAO, ampliar a área cultivada é chave para que Moçambique possa se tornar auto-suficiente na produção agrícola.

“O setor da indústria sementeira nunca se desenvolveu suficientemente no país. Portanto, nunca se criou um mercado para as sementes. O grande desafio não é só produzir sementes de qualidade, mas fazer com que os pequenos agricultores tenham possibilidade de comprar essas sementes. Promover também o acesso a essa tecnologia, criar ter uma rede de comercialização de insumos agrícolas que chegue às zonas mais afastadas no meio rural. Depois, é preciso apoiar a comercialização agrícola, na qual os pequenos agricultores possam agregar valor a seus produtos e vender com melhores preços”.









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