Paquistão: rezar pelas pessoas detidos por causa da fé
Faisalabad (RV) - “Os cristãos devem continuar a rezar porque existem muitas
outras pessoas na prisão por causa da sua fé” no Paquistão, declara à agência AsiaNews,
Rehmat Masih, preso com a acusação de blasfêmia em junho de 2010 e liberado por insuficiência
de provas, depois de 18 meses de prisão. O caso de Masih, 74 anos de Jhumra, no Estado
de Punjab, teve início em maio de 2010, depois de uma briga com Tahir Hameed, muçulmano,
que queira apropriar-se de alguns terrenos de propriedade da comunidade cristã local.
No
dia 19 de junho, Sajid Hameed, irmão do líder muçulmano não presente na discussão,
denunciou Masih por blasfêmia com base em alguns testemunhos de muçulmanos que afirmaram
que ele tinha insultado o profeta Maomé. Após meses de investigações, no dia 28 de
novembro passado o Tribunal de Faisalabad considerou sem validade as deposições da
acusação apresentadas com atraso e cheias de contradições.
Além do mais, após
a denúncia, nenhum oficial da polícia foi até o local para recolher provas úteis para
incriminar Masih. “Apreciamos a sentença do Tribunal que julgou o homem inocente”,
comentou o Diretor diocesano de Justiça e Paz, Padre Nisar Barkat, sublinhando que
a lei sobre a blasfêmia é muitas vezes usadas por muçulmanos para atacar as minorias
em questões que não se referem à religião.
Introduzidas em 1986, durante a
ditadura do general paquistão Zia ul-Haq, as leis sobre a blasfêmia determinaram um
crescimento exponencial das denúncias por “profanação do Alcorão” ou “difamação do
profeta Maomé”. Entre os anos de 1927 e 1986, quando foi aprovada a “lei negra”, se
registraram somente sete casos comprovados de blasfêmia.
De 1986 até hoje as
vítimas são mais de 4 mil e o dado está em contínuo aumento. De 1988 a 2005, as autoridades
paquistanesas incriminaram 647 pessoas por crimes ligados à blasfêmia. Nos últimos
anos são milhares os casos de cristãos, muçulmanos, e fiéis de outras religiões acusados,
na palavra, sem o menor indício de culpa. Entre esses, se encontra Asia Bibi, uma
mulher cristã de 45 anos, mãe de 5 filhos, condenada à morte em 2010 e na espera
do resultado do recurso apresentado ao Tribunal. (SP)